A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

RENDAVAN – Associação das Rendeiras de Dias D’Ávila


Em pontos bem dados, a Rendavan muda a realidade de Dias D’Ávila através da união, da transmissão de conhecimentos e da geração de renda.

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Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.

Rua Varginha 280 – Cristo Rei , CEP 42850-000, Dias d’Ávila – BA

A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.

Sobre as criações

Crédito da foto: Theo Grahl

De herança portuguesa, a técnica de tecer com bilros instalou-se em nosso território há mais de quatro séculos. Presente especialmente em cidades litorâneas, cada localidade desenvolveu características próprias, utilizando a técnica e explorando os materiais e instrumentos de maneira única. 

A almofada cilíndrica em Dias D’Ávila é recheada com folha de bananeira. É disposta em um suporte de madeira que alinha o trabalho à altura ideal para o corpo. A rendeira senta-se em frente à almofada que sustenta o risco e da qual pendem os bilros presos pela linha que formará a renda. Na dança dos bilros regida pelas hábeis mãos, os alfinetes vão definindo o caminho labiríntico, segurando o trançado que ganha forma. Os bilros podem ser feitos inteiramente de madeira, no torno, ou montados com semente de buri, uma árvore da região. 

Sobre quem cria

“Empoderar a vida de uma mulher é oferecer condições para que ela venha reconhecer que é capaz”.

DINOÉLIA TRINDADE

A história da Rendavan está ligada em nós bem dados, como os da renda, à história de vida da mestra Dinoélia Trindade. Rendeira, aprendeu o ofício ainda criança com a mãe em Saubara, cidade conhecida por seus bilros. Ao mudar junto do marido para o bairro de Varginha, no município de Dias D’Ávila, Dinoélia previu que as artes manuais seriam uma forma de assegurar autonomia e gerar para as mulheres que viviam fora do mercado de trabalho, com baixa auto estima. 

A sede da Rendavan é antes de mais nada um espaço de união e transmissão dos conhecimentos. Fundada em 2009, a associação abarcou ao longo da sua primeira década de existência outras tipologias reconhecidas na região como bordado, corte e costura, trabalho com couro e entalhe em vidro. Essa ação está conectada à ideia fundamental do grupo: a valorização social e cultural através do trabalho. A associação busca perpetuar o conhecimento da técnica, por isso ocupa-se, além da produção, com organização de cursos para ensinar a rendar.

Crédito da foto: Theo Grahl

O Projeto Nosso Bordado é uma ação da Associação voltada justamente à oferta dos cursos gratuitos, ministrados pelas próprias artesãs associadas, que recebem por hora aula. Para as aulas, contaram com parcerias com Sebrae, Instituto Mauá e Centro Público de Economia Solidária capacitando profissionalmente mais de 2000 mulheres ao longo desses dez anos. 

Registram grandes conquistas como o prêmio BNDS de boas práticas em economia solidária, prêmio Servidor Cidadão, expuseram por três anos consecutivos em Lyon, na França. Firmaram, também, parcerias com grandes marcas, como a L’Occitane, criando uma arte em renda que estampou ações da empresa.

Sobre o território

A pouco mais de 50 km de Salvador, Dias D’Ávila é conhecida por suas fontes de água mineral de propriedades medicinais. Muito antes de sua emancipação política, em 1985, o município era destino turístico e local de veraneio de muitas famílias da capital.

Em 1978 houve a instalação do primeiro polo petroquímico planejado do país em Camaçari, município ao qual até 1985 pertenceu Dias D’Ávila. Com crescimento do polo, ocorreram intensas transformações das paisagens e das populações locais, a cidade então passou a ser uma cidade dormitório para os trabalhadores industriais. 

Nesta configuração, muitas das tradições rurais transformaram-se rapidamente, gerando situações de instabilidade e violência. Diante de tal contexto, o trabalho da Rendavam se tornou essencial ao criar outras realidades possíveis, baseadas no trabalho manual e na convivência comunitária.

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