A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Artesanato Molongó 


No coração da Amazônia, comunidade ribeirinha de 4 famílias faz manejo sustentável da madeira molongó e, há muitas gerações, cria objetos artesanais entalhados com identidade.

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Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.

Telefone (97) 98448-5792 
Contato Larissa Benchimol
Comunidade Nova Colômbia – Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Uarini – AM

Sobre as criações

O trabalho começa de olhos atentos à planilha do plano de manejo, monitorada pelo Instituto Mamirauá. Os assessores ambientais compartilham com o grupo, todo início de ano, o estudo da área manejada com a relação de quantas árvores molongó o grupo poderá trabalhar no decorrer dos meses seguintes.  

Comprometidos com o desenvolvimento sustentável, é o momento de ir pra mata fazer a derrubada das primeiras toras. De volta à comunidade, e com a madeira ainda verde, é feito o corte e iniciado o entalhe. Peças semi-entalhadas, vão ao secador para retirar a umidade. Ficam de 5 a 7 dias secando. Então, mais entalhe e mais secador. Finalmente secas, é marcado o dia para lixar as peças.

Crédito da foto: Loiro Cunha

Crédito das fotos: 1-5. Loiro Cunha / 6. Diego Cagnato

Primeiro na lixadeira elétrica, depois na mão, por mais 3 ou 4 dias. Hora do acabamento. Para as peças na cor natural, é passado selador, lixado novamente e finalizado com óleo de peroba. Já para as peças ‘coloridas’, os artesãos criam o pigmento natural a partir de mais um longo processo com a casca de outra madeira, a macucu. Soca, bota de molho, ferve, coa, apura, e parte para a pintura. Nasce um tom de preto vivo e único, que estampa somente as peças tradicionais do grupo. Já a coleção de brinquedos, se colorida, é com tinta à base d’água. O toque final fica por conta do pirógrafo, marcando os últimos detalhes criativos.  

Os símbolos da cultura local – casas de palafita, barcos, fauna e flora amazônicas – cravam a madeira molongó, cumprindo papel educativo, fortalecendo a identidade, e aumentando o pertencimento de todas as gerações ao território.  

Sobre quem cria

O projeto surgiu há pelo menos 3 gerações, a partir do entalhe da madeira da árvore Molongó, encontrada na Amazônia. O coletivo de famílias, originalmente composto somente por mulheres e antes conhecido pela comunidade como ‘grupo de mães’, criava peças tradicionais, como travessas, potes e colheres entalhadas. Desde o início, têm como principais apoiadores o Instituto Mamirauá e a FAS (Fundação Amazônia Sustentável), recebendo assessoria para o manejo sustentável do molongó. 

Crédito da foto: Loiro Cunha

Em 2017, a partir da parceria do Instituto A Gente Transforma, FAS, Instituto Lojas Renner, Fundo Newton, British Council e Instituto Mamirauá, além do apoio de outras entidades como o Banco Bradesco, Fundo Amazônia/BNDES e Governo do Estado do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), foi lançado o projeto “Molongó – o design a serviço do brincar”. Valorizando a cultura local e resgatando o valor do brincar na infância, foi criada uma nova coleção, de brinquedos educativos, junto com a comunidade,  

Hoje, o Artesanato Molongó segue com suas criações tradicionais e também as inovações com os brinquedos, mas sempre prezando respeitar o ciclo de crescimento das árvores para promover a valorização da floresta em pé. 

Sobre o território

Crédito da foto: Diego Cagnato

Nova Colômbia é uma comunidade ribeirinha na região da Amazônia cuja principal fonte de renda é a pesca e agricultura familiar, além do artesanato feito a partir da madeira do Molongó. Estão localizados na RDS (Reserva de Desenvolvimento Sustentável) Mamirauá, que possui uma área total de 1.124.00 hectares, localizada na confluência dos rios Solimões e Japurá. É considerada a maior unidade de conservação em áreas alagadas do Brasil, e a única do país em área de várzea.  

Nela vivem populações de diferentes perfis como ribeirinhos, pequenos agricultores, extrativistas, pescadores e outros. A principal atividade e pioneira no Estado é o manejo do pirarucu (Arapaima gigas). Os lagos da RDS abriga mais de 300 espécies de peixes, sendo considerado o maior número já registrado no ambiente de várzea. Possui também, mais de 340 espécies de aves e mais de 220 espécies de árvores e cipós. É uma região que possui inúmero lagos, pequenas ilhas, grandes pântanos e restingas ao longo dos canais que em momentos de cheia se interligam.  

A fauna da RDS Mamirauá possui um alto grau de endemismo, ou seja, que só ocorre exclusivamente na região, provocado pelas prolongadas enchentes que limitam a sobrevivência de espécies, porém muitas outras acabam se adaptando ao ambiente, definindo então especiações e endemismos no ambiente. Além disso, possuem variadas espécies de vertebrados que estão ameaçados de extinção.  

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental 

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