A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Surisawa Muraki 


“Surisawa Muraki” significa Trabalho com Alegria, e é com muita alegria e orgulho que os artesãos indígenas da etnia Baré realizam seu trabalho, materializando peças em fibras e madeiras, que contam suas lendas e representam as riquezas de suas produções culturais, e saberes integrados ao ambiente onde vivem.

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Telefone (92) 98836-1595
Contato Joarlison Garrido
Comunidade Indígena Nova Esperança, CEP 69049-993, Manaus – AM

A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.

Sobre as criações

“O indígena em si, é um artesão.” 

Joarlison Garrido, Artesão Baré, integrante do grupo Surisawa Muraki

O grupo Surisawa Muraki preserva seus saberes artesanais ancestrais, conhecimento herdado de seus antepassados para talhar madeira, produzir ferramentas, canoas, remos e algumas armas.  As criações e produção concentram-se especialmente em peças utilitárias, como bancos e centros de mesas, além de representações artísticas da fauna abundante na região. O grupo produz, assim, objetos utilitários e peças decorativas de alto valor, dando uma nova vida às fibras madeira coletada, promovendo trabalho e renda na comunidade de maneira sustentável, como nos relata Joarlisson: 

“Para fazer os produtos que fazemos com madeira, nós não precisamos matar uma árvore viva. Nós falamos: os homens da floresta vão atrás de madeiras que caíram em processo natural, que estão no ambiente natural… a gente retira essa madeira e dá um novo significado a ela, como se ela tivesse um novo ciclo a partir daí”. 

Artesão Antonio Marcos Gaspar Matos / Crédito da foto: Grazi Praia

Crédito das fotos: 1. Divulgação Artesol / 2-9. Grazi Praia

Utilizam madeiras de diversas cores: a Mirapiranga vermelha, o Roxinho roxo, a Itaúba amarela e a preta, Sucupira e Angelin, em tons marrons escuros. 

Também trabalham com fibras de Tucumã, uma palmeira da região, e Arumã, uma espécie de folhagem que nasce nos alagados, com os quais fazem tecidos, esteiras, abanos, jogos americanos, chamados carinhosamente de “Jogo Baré”, reforçando a origem e o orgulho de sua produção. 

Suas cestarias carregam grafismos simbólicos para o povo Baré, com representações de Caracóis, Cobras e Onças, que representam valores de união, proteção e força. 

Ainda, utilizam sementes de Açaí, Xumburana, Pucá e Tento, que ofertam as cores marrons, vermelho e preto a colares, pulseiras e peças decorativas. Toda a produção está conectada à floresta e à cosmovisão indígena. Um dos exemplos é a Arraia de madeira, produzida em diversos tamanhos e diferentes suportes, que evocam uma história originária do povo Baré: A Arraia era uma avó antiga que recebeu a missão de descer às águas para cuidar dos fundos de rios e lagos. A representação da Arraia em madeira torna-se, assim, uma homenagem à antiga avó que a traz novamente para a superfície. 

Sobre quem cria

O grupo da etnia Baré reuniu-se em  2012 com intuito de  comercializar seus produtos em outras regiões, porém somente em 2016 receberam o nome atual, Surisawa Muraki, que segundo Joarlison,  vem de uma característica particular do grupo e significa “Trabalho com Alegria”. 

Artesã Sônia / Crédito da foto: Grazi Praia

São 25 artesãos, entre homens e mulheres, que atuam ativamente no grupo e trabalham na Oficina Escola, um espaço formativo e produtivo para os artesãos localizado à beira do rio.    

Para a produção utilizam ferramentas tradicionais, mas também maquinários como como tico-tico, esmerilhadeira, furadeira e brocas para técnica de marchetaria. Em constante evolução, já desenvolveram variações de seus produtos junto ao designer Sérgio Matos, com apoio do SEBRAE. Ganharam o prêmio Top 100, em 2022, e participam de diversas feiras e dos principais eventos nacionais de artesanato. Ainda, estão articulados com diversas redes indígenas e governamentais como, por exemplo,  a Amazonas Original, rede do Estado de Amazonas, com diversas associações indígenas, a Fundação Amazônia Sustentável, dentre outros parceiros. 

Sobre o território

Crédito da foto: Grazi Praia

A Comunidade Indígena Nova Esperança fica dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga Conquista, no Rio Cuieiras, na zona rural do município de Manaus, a uma distância de 5 horas de barco. A Reserva é formada por Áreas de Proteção Ambiental e Parque Estadual, a beira do Rio Negro. 

Nessa comunidade, a opção pelo turismo de base comunitária, bastante organizado, oferece aos visitantes uma vivência do dia-a-a dia da cultura Baré, sua culinária e modo de vida, inclusive com estrutura para hospedagem. Essa vivência promovida na comunidade também fortalece a produção artesanal. 

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