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Artesãos de Itaoca – Polo Cerâmico do Alto Vale do Ribeira


O grupo reúne cerca de 60 artesãos independentes que se inspiraram nas tradições de produção cerâmica da região do Vale do Ribeira, produzindo belas cerâmicas utilitárias, principalmente panelas, e também decorativas, ao gosto da imaginação de cada um.

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Sobre as criações

da Serra do Mar, Mãe de mil rios,
alcanço o céu, desnudo e profundo…
mergulho na mata, indomavelmente viva
me perco entre suas figueiras
para ser iniciada em seu coração ancestral
guarani, kaingang, terena.

Raquel Lara Rezende
Crédito da foto: Camila Pinheiro

A marca da cerâmica de Itaoca são as panelas de diferentes formas, cores e tamanhos. Alguns artesãos também têm um trabalho autoral como peças que imitam troncos de árvores com um desing apurado. De forma, geral, a cerâmica produzida no Vale do Ribeira tem origem guarani, etnia indígena presente na região. O lugar permaneceu isolado socialmente e economicamente do restante do estado de São Paulo até meados do século XX, o que fez com que o saber fazer ancestral da cerâmica, entre outros, seguisse fortemente presente no cotidiano das pessoas. A produção da cerâmica é feita com a técnica de rolinho, rolete ou cordel. Os rolinhos, feitos a partir da manipulação do barro, são sobrepostos de acordo com o formato da peça que se deseja e depois são alisados com as mãos e ajuda de utensílios. Depois de moldadas, alisadas e secas, as peças são decoradas com a pintura feita de barro, de várias cores, e vão ao forno para a queima. 

Graças às mestras da região,como Dona Sinhana, o modo de fazer cerâmica ancestral foi preservado, sendo passando de geração em geração. A técnica da cerâmica que antes era utilizada para a produção de panelas para o cozimento, cuias para beber água, reservatórios de alimentos e água, urnas funerárias, ganhou com o tempo outros usos, sendo produzidas outras peças utilitárias, como gamelas, moringas e vasos, além de peças de decoração. O barro utilizado na produção das peças é retirado em barreiros da região, havendo uma preocupação em recuperar os barreiros para preservar o meio ambiente.

Sobre quem cria

Os ceramistas de Itaoca são um grupo de artesãos independentes que se inspiraram na tradição da dona Sinhana – criadora das famosas panelas de barro da região. Foi ela quem ensinou suas técnicas ao mestre Abraão, hoje responsável por formar os novos artistas no município. 

Os artesãos da região também participaram de uma oficinas de produção comunitária através de um projeto do Instituto Meio com o apoio da Prefeitura de Apiaí, cujo foco é estimular as novas gerações a investirem na atividade. Hoje, são mais de 60 artesãos dos municípios de Itaoca, Barra do Chapéu e Apiaí que se unem, formando o Polo Cerâmico do Alto Vale do Ribeira. A união dos quatro grupos de ceramistas deu origem ao “Polo Cerâmico do Alto Vale do Ribeira”, e da “Rota da Cerâmica”.

Sobre o território

Itaoca, emancipada do município de Apiaí em 1991, está localizada na microrregião de Capão Bonito, no Vale do Ribeira. Seu nome vem do tupi e significa “a caverna”, ou “a gruta” foi adotado na criação do distrito, em 1908. O Alto Ribeira é marcado pela presença da Serra do Mar e por uma paisagem montanhosa e exuberante. Hoje, a região guarda cerca de 20% do que resta do ecossistema de Mata Atlântica no território brasileiro, sendo, assim, a maior área contínua do bioma preservado no país. Por sua importância, em 1999, a Reserva de Mata Atlântica do Sudeste, que abarca 17 municípios do Vale do Ribeira, foi considerada pela Unesco Patrimônio Natural da Humanidade. Nas 24 Unidades de Conservação que estão inseridas no Vale encontram-se espécies como o cedro, a juçara, canela, araucária, caxeta, entre outras.

Na região também se encontra o maior número de comunidades remanescentes de quilombos de todo o estado de São Paulo, além de comunidades caiçaras e guarani, o que colore ainda mais o Vale do Ribeira com a diversidade cultural ancestral. São cerca de 80 comunidades caiçaras, cujas vidas se guiam pelos ciclos da Mata e seus recursos. Nesse contexto econômico, a produção tradicional de cerâmica desponta como uma atividade de baixo impacto ambiental que traz autonomia e reconhecimento para as comunidades.

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