Associação dos Artesãos em Trançados de Santa Isabel
O trançado da Ilha é uma técnica tradicional de origem indígena que transforma a palha da carnaúba, importante palmeira nativa do nordeste brasileiro, nos mais variados objetos, como balaios, mandalas, utensílios para a cozinha, tapetes e cestos.
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Sobre as criações
O trançado da Ilha é uma técnica tradicional de origem indígena que transforma a palha da carnaúba, importante palmeira nativa do nordeste brasileiro, nos mais variados objetos, como balaios, mandalas, utensílios para a cozinha, tapetes e cestos, a partir da trama de pontos abertos e fechados que permite combinar desenhos variados. Com o auxílio de ferramentas simples, como tesoura, faca e agulha, as artesãs permitem que a imaginação crie e inove sempre a produção, experimentando colorações variadas, formas e desenhos. As folhas da palmeira são deixadas ao sol e, depois de secas, são desfiadas uma a uma para serem tingidas e trançadas. Algumas artesãs gostam mais de trabalhar com o linho, que são os fios extraídos de dentro dos cortes das folhas.
Sobre quem cria
“É como um leque, certo? Um leque de possibilidades”.
Seu Laurindo, marido de dona Cerrati, artesã.
Antes da formação da Associação, sete artesãs costumavam se reunir para a produção do artesanato. A formalização da Associação aconteceu com o auxílio da Artesol, no início da década de 2000, que acompanhou a comunidade pelo período de um ano. Hoje, o grupo reúne cerca de 25 famílias, com artesãs que possuem entre 15 a 65 anos. Boa parte das famílias cobrem suas casas com a palha da carnaúba, como uma forma de alimentar suas raízes culturais e seus laços ancestrais com a palmeira, com quem possuem uma relação de intimidade e afeto.
Árvore da vida
Raquel Lara Rezende
carnaúba é!
Brilha com seu verde impermeável sob o céu sertanejo.
Na resistência reside sua beleza
resistência flexível de palmeira
que dança ao sabor dos ventos
que beijam as águas doces do Parnaíba
Sobre o território
Ilha Grande de Santa Isabel está localizada no no extremo norte do Piauí, no Delta do rio Parnaíba, cujo encontro com o oceano Atlântico forma um arquipélago com cerca de 70 ilhas que possuem fauna e flora exuberantes, mangues e dunas que se misturam compondo uma paisagem que tira o fôlego. A 326 km da capital do estado, Teresina, o município é a maior e mais importante ilha do Delta, e sua vegetação é marcada, principalmente, pela presença da carnaúba, uma das principais espécies extrativas do semiárido nordestino, que se desenvolve nas áreas baixas próximas às fontes de água, várzeas e zonas de inundação, formando matas ciliares.
Ilha Grande de Santa Isabel integra a Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba (APA Delta do Parnaíba), onde residem populações tradicionais, predominantemente caiçaras, que utilizam, há várias gerações, a carnaúba.
Considerada pelas comunidades a “árvore da vida”, a carnaúba é usada de diferentes formas, desde as suas raízes que possuem propriedades medicinais, os seus frutos que são ricos em nutrientes, a cera das folhas jovens vira cera, verniz, cosmético, entre outras coisas, e a fibra da palha é usada na produção artesanal. A colheita da carnaúba é completamente sustentável, uma vez que as folhas extraídas renascem na safra seguinte. Suas folhas são como um leque, imagem que expressa bem a potencialidade de usos.
Além do artesanato, as comunidades da Ilha vivem do plantio do arroz, da agricultura de subsistência e da pesca. O turismo é outra atividade que tem sido fomentada e consta, inclusive, como sendo um dos objetivos da criação da Área de Proteção Ambiental (APA) que prevê o incentivo ao turismo ecológico, a educação ambiental e a preservação das culturas e tradições locais.