Associação Amigos do Armazém de Cultura de Serranópolis – AZEM
A Associação de Amigos de Cultura de Serranópolis hoje conta com 30 associados, em sua maioria mulheres artesãs que trabalham com o capim do brejo. Material usado há gerações na cobertura de casas e confecção de objetos utilitários, como balaios e cestos.
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Sobre as criações
O Capim do Brejo é material conhecido pela população, usado há gerações na cobertura de casas e confecção de objetos utilitários, como balaios e cestos. Segundo Geraldinho, “a utilidade do capim é quase igual a mandioca. Não deixar criar erosão no terreno, é maior criatório de répteis, protege a área desmatada, serve pra cobrir casa, colocar na horta… “. É Geraldinho que conta, puxando pela memória, que nos anos 40, 50, os utilitários para armazenar desde alimentos ao algodão, e também utilizado no artesanato, eram feitos desse material. Não tinha plástico, nem papel, lembra. Era do capim, abundante nas áreas alagadas, que se fazia o necessário.
O processo inicia com a retirada do capim das áreas alagadas, conhecidas como varjão. O capim é colhido à mão, retirado desde a raiz da terra preta e úmida. Após a colheita é posto para secar por três dias e passa pela limpeza e retirada de partes que não serão usadas no artesanato. No início, o algodão colhido nos quintais e fiado na roca, era encerado com cera de abelha e utilizado para unir em pontos os feixes da fibra fina e esverdeada, o que conferia resistência à peça. Parecido com o que se faz hoje em dia, com linha de algodão encerada industrializada.
Como conta Claudiane, homenageada na câmara de Goiânia como artesã representando Serranópolis, o design das peças são pensados durante a montagem e a inspiração “vem de cada mulher, da batalha de cada uma no dia a dia”.
Sobre quem cria
A Azem, Associação de Amigos de Cultura de Serranópolis, hoje conta com 30 associados, em sua maioria mulheres artesãs que trabalham com o capim do brejo. O processo de resgate desses conhecimentos, que após terem a relevância como utilitários reduzida pelo advento de materiais sintéticos, como o plástico, vem sendo realizado há pouco mais de uma década.
Quem detinha os manejos da técnica era seu Lucas, hoje com mais de 80 anos. Fez os primeiros balaios aos 15 anos, em 1949, por curiosidade de ver a mãe tecendo. Passou mais de 45 anos sem fabricar peça alguma até que a filha Isabel, em 1997, encantada com aquela primeira peça guardada, lhe pediu que retomasse a atividade. Voltou a produzir e aos poucos muitas das casas do município recebiam peças suas. Era a memória de tantos sendo recontada pelas habilidosas mãos de seu Lucas.
Os saberes captados atentamente por Isabel foram passados ao mestre Juão de Fibra, responsável por repassar esses conhecimentos em oficinas realizadas no Armazém da Cultura desde 2009 em um projeto que conta com apoio da administração do município e do Sebrae. A iniciativa integra o programa maior de fomento das atividades ligadas ao turismo na região, valorizando a cultura e as tradições locais.
O grupo tem sede no Armazém de Cultura, aberto todos os dias para visitação, onde funciona também a loja para comercialização das peças. Muitas artesãs trabalham no local, mas parte da produção é também desenvolvida em suas casas. A participação em feiras nacionais e internacionais além de gerar renda, apresenta novos caminhos possíveis às artesãs, gerando maior autonomia na relação com o trabalho.
Sobre o território
A 380 quilômetros da capital, como população de quase 8.000 habitantes, Serranópolis localiza-se no sul goiano e encanta por sua história e belezas naturais. Em um ecossistema privilegiado, em meio ao cerrado do centro oeste brasileiro, o município conserva resquícios valiosos de mais de 10 mil anos atrás, que nos contam um pouco nosso caminho até aqui.
Porém, a formação da cidade, tal como a conhecemos hoje, é recente. No início do século XX começaram a chegar na região migrantes do estado de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, interessados em expandir as atividades ligadas à agricultura e pecuária já desenvolvidas em suas origens. Em 1958 o distrito foi emancipado do município de Jataí, passando a ter administração autônoma.
A partir da década de 70 passaram a investir no ecoturismo aliado à atração arqueológica, levando em conta que Serranópolis é uma das regiões arqueológicas de maior relevância da América Latina, por seu estado de conservação e registros. As atrações naturais como reservas de cerrado com fauna e flora características, cachoeiras e grutas, aliadas aos sítios arqueológicos e às ricas manifestações culturais como Folia de Reis, a Festa de Nossa Senhora de Fátima, a Festa Junina, além da Exposição Agropecuária e a Feira de Arte e Cultura Popular, atraem visitantes do país e mundo todo. Dessa forma o turismo constitui-se como principal fonte de emprego e renda do município.
Nesse contexto, o Armazém de Cultura, abriga no coração da cidade diferentes instituições, como o Museu de História Natural Serra do Cafezal, o Bazar Serrano e a Oficina Poli Arte. É ponto de parada obrigatório a todos os interessados em conhecer um pouco da cultura e história local.