Mostrar contatos
AbrirFechar
Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.
A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.
Sobre as criações
O bordado livre, que conserva pontos tradicionais reorganizando os espaços e propondo novos estilos de desenho, tem sido explorado de inúmeras formas na produção artesanal brasileira.
As mulheres da associação fazem do bordado livre uma celebração da cultura popular alagoana. Em seus bordados encontramos os personagens dos Folguedos, como o Guerreiro, o Pastoril, o Caboclinho, as Baianas. Os Folguedos são manifestações populares e folclóricas que combinam elementos das culturas indígena, negra e européia. Os estudiosos afirmam que as manifestações surgiram nas colônias, da relação entre as datas de celebração litúrgica, católica, com as tradições populares. São manifestações coletivas, com elementos teatrais e personagens definidos, que dançam e cantam com uma indumentária própria para a celebração, que se assemelha a uma peça dançada. Os folguedos estão vivos nas memórias das artesãs e na vida da cidade de Capela, marcando presença na festa de São Sebastião, no dia 20 de janeiro.
Os bordados também contam a história da estação de trem de Capela, quando era uma festa esperar o trem ao som da banda de forró pé-de-serra, que se instalava na estação. Relembram sobre o período em que a região foi próspera em cana-de-açúcar, e havia uma usina nos arredores da cidade. Registram a festa de São Sebastião, típica da cidade, que ocorre sempre no dia 20 de janeiro, que se inicia com uma procissão e termina em uma tradicional cavalhada.
O processo de produção das peças se inicia ao definirem o tema da coleção. Luciana desenha uma peça modelo, com todos os elementos da coleção. Depois, borda essa peça e os elementos que compõe o tema – frutas, pássaros, personagens dos folguedos – serão distribuídos nas peças de cama, mesa e vestuário. As peças de vestuário primeiro são costuradas e depois bordadas, por vezes se borda primeiro e depois costura, de forma a garantir o melhor acabamento das peças.
Ao longo do tempo, desenvolveram algumas coleções: Mar das Alagoas, Amor de Sertão, a Feira. Cada coleção conta com uma peça piloto, que não é comercializada, e produtos para casa, como panos de lavabo e de bandeja, pano de prato, guardanapo, jogos americanos, e peças de vestuário como blusas, vestidos, batas e saias. Preferem tecidos de algodão, linho e cambraia, valorizando os bordados coloridos, que parecem nos convidar para os festejos, celebrações e tradições locais.
Sobre quem cria
As criações do grupo são legados de Dona Perolina (1921-2007), uma das mais antigas bordadeiras de Capela, que fundou a escola de artes do município em 1963. Luciana, a fundadora e atual coordenadora da Associação, se tornou amiga de Dona Peró, como era carinhosamente chamada, no final da década de 1997. Através dessa amizade, Dona Peró repassou seus conhecimentos do bordar, contou as histórias dos festejos populares a jovem aprendiz.
Tendo perdido a destreza nas mãos para bordar, Dona Peró, anos 85 anos, ditava os pontos para Luciana, que se apaixonou pelas histórias e pelo bordado. Pouco tempo depois, em 2007, Dona Peró faleceu, e Luciana decidiu fundar um projeto de resgate do bordado a mão para manter vivo seu legado.
Receberam apoio da prefeitura para iniciarem o projeto para ensinar outras mulheres a bordar e assim, formaram um grupo de produção. Em 2009 começaram a produzir juntas e em 2012 se formalizaram como associação. Já receberam consultoria de designers do SEBRAE em 2016, e fizeram parceria com a marca Foz, para quem continuam produzindo.
Participam da associação 20 artesãs mulheres e 01 homem, elas trabalham na sede do grupo e também em suas casas.
Sobre o território
Capela faz parte da zona da mata alagoana, onde a Mata Atlântica originalmente cobria a região. Está a 62 quilômetros de distância da capital do estado, Maceió. Presume-se que foi fundada no século XVIII, aproximadamente em 1750. Alguns autores acham que antes mesmo já existia ali um arraial habitado por cerca de 50 pessoas. O primeiro nome da cidade é referência a capela em homenagem à Nossa Senhora de Conceição, que existiu próxima a atual Igreja Matriz. Desde então, a cidade mudou de nome e status administrativo diversas vezes até voltar a se chamar Capela na década de 1940.
A cidade é conhecida como “Princesa do Vale do Paraíba”, também chamada de “Terra dos Canaviais”, é banhada pelo Rio Paraíba, um dos mais importantes rios de Alagoas. A produção de cana-de-açúcar foi um marcante ciclo econômico da cidade e de toda a região no século XIX, e que levou até a Capela uma estação de trem, a fim de facilitar o escoamento da produção para o litoral. Com o declínio dos engenhos cana no século XX, a pecuária e o artesanato foram se tornando as principais atividades econômicas da cidade.
Capela é conhecida pela sua expressiva produção em cerâmica, com mestres e artesãos consagrados como João das Alagoas, Sil de Capela, Adriana de Capela e Leonilson. Inspiradora, a cidade é tema de muitas das obras produzidas pelos ceramistas e pelas bordadeiras. Também é conhecida por seu famoso caldinho, patrimônio da cidade, que é vendido há 30 anos no mesmo endereço, localizado bem em frente à sede da Associação.