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Ceramistas do Cabo – Centro de Artesanato Arq. Wilson Campos Júnior


O barro é agente transformador na relação com quem o molda. Nas mãos dos artesãos do grupo Ceramistas do Cabo, cada peça é rica em relevância histórica e design primoroso.

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Sobre as criações

Ainda que matéria inerte, o barro é agente transformador na relação com quem o molda. Contém em sua disforme massa a origem mitológica da vida. A materialização proposta na técnica ancestral aprendida pelos ceramistas de Cabo de Santo Agostinho é o que institui a profunda relação dos habitantes com o território.

A coleta do barro é feita em jazidas da região e quanto mais profundo o barreiro, melhor o barro. Infinito em suas combinações químicas, o barro precisa ser trabalhado e testado em suas especificidades. 

A preparação da massa é feita hoje em maquinário especializado e a escolha da técnica da modelagem depende do resultado que se deseja alcançar. Basicamente são três tipos de modelagem: à mão, no torno, ou com uso de moldes. É nesta etapa que o artesão imprime sua personalidade, como uma impressão digital gravada na forma. 

Antes de ir para os grandes fornos a gás de temperatura regulada, que variam entre 800 e 1300 graus, as peças precisam secar à temperatura ambiente, à sombra, para não racharem. O acabamento, chamado brunimento, é dado nesse momento, quando a peça alcança o ponto de couro, antes de secar completamente. Algumas das peças são esmaltadas, da combinação de minérios e calor das altas temperaturas da queima é que provém as cores e brilhos especiais das peças. 

Sobre quem cria

A tradição cerâmica em Cabo de Santo Agostinho remonta aos antigos engenhos de açúcar, vinha daí a necessidade de produzir tijolos, telhas e moringas em barro vermelho. O conhecimento desenvolvido foi passado de geração em geração, especializando-se e atendendo novas demandas que surgiram. O local é muito conhecido por seus vasos e filtros de barro. 

A partir de 2003 o pólo cerâmico iniciou uma longa e profícua parceria com o SEBRAE estadual e Laboratório O Imaginário, o que possibilitou alcançarem melhores condições de produção e venda através de consultorias em design, melhorias técnicas e gestão. 

O Centro que ocupa lugar de destaque na cidade foi construído em parceria com a Prefeitura Municipal do Cabo teve aporte do Banco do Nordeste e homenageia em seu nome, Centro de Artesanato Wilson Campos Júnior, o arquiteto que tanto fez pelo desenvolvimento social e econômico da região. Projetado como espaço produtivo, o grande galpão abriga os maquinários para beneficiamento da matéria prima, áreas de modelagem e secagem das peças, fornos para queima, espaço para estoque e venda de peças prontas. 

Com o aprimoramento técnico e organização do grupo foi possível alcançar novos mercados e explorar possibilidades produtivas em diálogo entre tradição e inovação. O grupo composto hoje por Nena, Joelma, Dona Sônia, Di-Melo, Cida Guel, Tina, Suely, Dinho, Deó, Celé, Clebe, Durval, Zé da Charneca foi reconhecido por três edições consecutivas do prêmio Top 100 do Sebrae pela relevância e criatividade de seu trabalho primoroso.

Sobre o território

Com a cerâmica construiu-se parte importante da história do Cabo de Santo Agostinho. No séc. XVII, as olarias foram instaladas para suprir a demanda do material necessário para os engenhos açucareiros. Porém, toda estrutura e conhecimento instaurados transbordaram para outras formas e usos e a cerâmica tornou-se fonte de renda e constituiu a formação social, cultural e econômica do local. 

Localizado na região metropolitana de Recife, o município tem configuração predominantemente urbana, sendo um dos mais relevantes polos industriais do nordeste. O Centro de Artesanato está localizado às margens da Rodovia PE 60, principal via de acesso do litoral sul do estado de Pernambuco. 

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