A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Conceição das Crioulas


As cinquenta mulheres que integram hoje o grupo produtivo encontram nas técnicas do trançado, da cerâmica e do bordado uma forma de contarem suas versões da história, que podem ser lidas nas peças produzidas.

Mostrar contatos

AbrirFechar

Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.

Contato Valdeci Maria da Silva de Oliveira
Conceição das Crioulas , CEP 56000-000, Salgueiro – PE

A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.

Sobre as criações

Foto de divulgação Artesol

As bonequinhas feitas em caroá, espécie de bromélia nativa do Nordeste brasileiro, ficaram conhecidas nacionalmente. Representando a força das mulheres da comunidade, atualizam técnicas ancestrais de beneficiamento da fibra, tradicionais na região. 

As atividades artesanais, além de fonte fundamental de renda, são reconhecidas como tradições femininas associadas a processos de resistência e luta. Dessa forma, nota-se que as técnicas passadas de geração a geração são também atividades educativas, de reconhecimento da história do lugar e dos antepassados. 

O bordado livre é outra forma de expressão muito utilizada pelas artesãs, que contam através de pontos e cores, por exemplo, a importância do cultivo do algodão na fundação do quilombo, na história do grupo. É uma técnica que conserva pontos tradicionais do bordado reorganizando os espaços e propondo novos estilos de desenho. Muito difundida em todo o país, a técnica vem ganhando espaço e se tornou, além de fonte de renda, uma linguagem possível. As temáticas escolhidas proporcionam um meio de expressão e interação profunda entre quem borda, o grupo e o local.

Sobre quem cria

Crédito da foto: Laís Domingues

O trabalho artesanal é atividade constituinte da comunidade de Conceição das Crioulas. Reconhecer isso foi fundamental para a organização do grupo, em 2001, que contou com apoio do Laboratório O Imaginário, do Centro de Design da Universidade Federal de Pernambuco. Com histórico de lutas relacionadas ao pertencimento da terra, as expressões presentes no artesanato são importantes registros e contribuem para o longo processo de reconhecimento sociocultural do território. 

As cinquenta mulheres que integram hoje o grupo produtivo encontram nas técnicas do trançado, da cerâmica e do bordado uma forma de contarem suas versões da história, que podem ser lidas nas peças produzidas. Com forte senso de coletivo, organizam-se de forma a distribuírem a produção igualmente, para que todas tenham daí fonte de renda garantida.

Se, como conta a história, na fundação do quilombo o cultivo e fiação do algodão foi importante para que as seis fundadoras pudessem comprar o território e fundar o povoado, hoje o artesanato fortalece a luta pela recuperação das terras através da geração de renda e superação dos desafios. 

Sobre o território

Crédito da foto: Laís Domingues

O município de Salgueiro, sertão pernambucano, a 550 km de Recife, é a sede do quilombo Conceição das Crioulas. As 750 famílias constituem os 16 núcleos populacionais, conhecidos como sítios, e comunicam-se entre si em uma intensa circulação. Atualmente, os mais de quatro mil habitantes vivem da agricultura de subsistência, pecuária, benefícios governamentais e produção artesanal. 

Com uma história que data do início do século XIX, o quilombo é local de luta, resistência e organização social e política constantes. Seu nome, Conceição das Crioulas, registra a importância das mulheres na conquista do território e a devoção a Nossa Senhora da Conceição. Como contam os mais antigos moradores, foram seis crioulas as primeiras a estabelecerem-se no local e através do cultivo e fiação do algodão adquiriram as terras. 

A ligação histórico afetiva com o ouro branco, como era chamado o algodão no semiárido nordestino, orienta até os dias de hoje a produção das artesãs que contam através de seus pontos sobre o lugar que decidiram cultivar. 

Membros relacionados