A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Irene Gomes


Irene faz parte da terceira geração de artesãs que se dedicam à arte de fazer bonecas. Sua expressão artística é marcada pela riqueza de detalhes e pelo requinte com que adorna as bonecas, que são nacionalmente conhecidas.

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Contato Irene Gomes da Silva
Campo Buriti – Coqueiro Campo, CEP 39660-000, Turmalina – MG

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Sobre as criações

“No início é o barro que te molda e com o passar dos anos você começa a moldar o barro”.

Irene

A temática principal que perpassa a arte de Irene é a do casamento. Molda noivas vestidas em trajes tradicionais e mulheres. Quando modela a noiva já pensa no vestido que ela vai usar. Cada boneca que cria possui uma história e enquanto as molda e pinta, coloca seu sentimento. Não é à toa que suas bonecas são conhecidas por serem muito expressivas e ricamente adornadas.

Irene utiliza o barro retirado na região. E os pigmentos utilizados são provenientes do “oleio”, ou argila, que busca nos barreiros. Para a pintura usa pena de galinha, pedaço de pano e pincel.

Sobre quem cria

Assim como grande parte das mulheres de Campo Alegre e Coqueiro Campo, Irene Gomes da Silva nasceu em meio ao barro que sua mãe e sua avó moldavam. Desde criança aprendeu a brincar já criando os seus próprios brinquedos que fazia também com o barro, modelando com as pequenas mãos seu universo cheio de galinhas, pássaros e outros animais. A partir dos 12 anos começou a fazer as suas peças com maior interesse e com a intenção de vendê-las, e assim contribuir com a renda da família.

Irene é a filha mais nova de 11 filhos e todos se dedicavam ao artesanato, e hoje, quase todas as suas irmãs são artesãs. Além das peças utilitárias, como panelas, filtros de água, moringas, farinheiras, entre outras, a mãe de Irene gostava de fazer bonecas, o que foi para a filha um grande incentivo. Depois que se casou, Irene se mudou para a comunidade vizinha de Coqueiro Campo e lá passou a contribuir com a sua prima Zezinha, importante artista popular da região com grande reconhecimento. Irene, que nesse momento já apresentava uma técnica sofisticada, passou a auxiliá-la no acabamento e na decoração das peças, devido ao grande volume de encomendas que chegavam a Zezinha. A parceria entre as duas primas se manteve por 3 anos, no entanto, Irene nunca deixou de produzir as suas próprias peças.

Hoje suas bonecas são conhecidas em todo o Brasil. Sua expressão artística é marcada pela riqueza de detalhes e pelo requinte com que adorna as bonecas. Irene faz parte da terceira geração de artesãs que se dedicam à arte de fazer bonecas, na região. A primeira geração surgiu na década de 1970, com a contribuição da Comissão de Desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha (Codevale) que deram um curso de aperfeiçoamento da produção artesanal.

Irene Gomes / Crédito da foto: Divulgação

Irene Gomes / Crédito das fotos: Divulgação

Sobre o território

Coqueiro Campo, como é conhecido, chama-se oficialmente Campo Buriti. É uma comunidade rural do município de Turmalina, Vale do Jequitinhonha, na região nordeste de Minas Gerais. A comunidade fica, mais precisamente no Médio Jequitinhonha, onde se encontra o rio Araçuaí. A região, antes coberta por mata atlântica e habitada pelo povo indígena Aranã, foi ocupada no século XVII pelos vaqueiros que buscavam terras para pastagem. Grande parte da mata foi derrubada e o que ficou no lugar foi o capim colonião e o solo castigado. 

Hoje, a principal atividade econômica presente no Vale é o cultivo de eucaliptos pelo agronegócio que se instalou há 40 anos e que tem trazido consequências graves que atingem as comunidades e o ecossistema, como o desemprego, a crise hídrica, e os impactos na diversidade da fauna e da flora locais.

Nesse contexto, as mulheres têm estado cada vez mais ativas na geração de renda para suas famílias, visto que os homens, muitos sem oportunidade de emprego, buscam trabalho em outros cantos, passando longas temporadas fora da comunidade. Cabe às mulheres, assim, cuidarem dos filhos, de suas casas, do plantio e de si mesmas.

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