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João das Alagoas


Reconhecido como um dos maiores escultores do país, João das Alagoas é dono de uma técnica muito própria. Modela nas superfícies do barro bruto e imprime histórias do povo, das brincadeiras de rua, casamentos, batizados, tradições e folclore nordestino.

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Capela – AL

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Sobre as criações

Crédito da foto: Michel Rios

Crédito das fotos: 1. Michel Rios / 2. Itawi Albuquerque / 3. Divulgação Artesol

Reconhecido como um dos maiores escultores do país, João das Alagoas é dono de uma técnica muito própria. Recriou o bumba-meu-boi. Borda no barro grandes bois cobertos com mantos em alto e baixo relevo. Marcas do Brasil que modela nas superfícies do barro bruto e imprimem histórias do povo, das brincadeiras de rua, casamentos, batizados, tradições e folclore nordestino.

Mestre da cerâmica, João dá vida ao barro retirado do quintal, duro como pedra que quebra em pedaços menores e passa em uma peneira bem fina. Há que se preparar uma “mistura” do barro mais “forte” e “fraco”. Daí tem que deixar ele secar. Pra ele curar. Do contrário pode rachar depois de pronto, se restar alguma impureza. João modela a peça, e deixa secar (o que pode levar de uma semana até dois meses). “Tem que sair todo o excesso de água, toda a umidade da peça”. A queima é a parte mais difícil, a arte final. “Ele (o barro) quer lentidão”. A queima começa às 18h e vai até 6h mas o ideal seriam três dias. O mestre explica que a queima é uma ciência complicada, requer muito estudo, muito tempo. E cita artistas que passam uma semana na etapa de queima do barro, como Antonio Poteiro (escultor, ceramista e pintor português). Hoje, João arrisca suas peças. Obras prontas, que ele antecipa a queima, as vezes são perdidas.

Sobre quem cria

Crédito da foto: Itawi Albuquerque

Homem de sensibilidade apurada, nunca teve um mestre, é artista autodidata. “Meu mestre foi o erro e o acerto”. A queima aprendeu com uma senhora da cidade que lhe queimava umas pecinhas. Seguiu fazendo experiências, mistura de barros, de queima. Sempre se interessou por arte. Com cinco, seis anos João já desenhava. Queria ser pintor. Na década de 80 já pintava quadros e certo dia foi convidado para a primeira exposição, organizada por Zé Cordeiro, grande pintor de arte popular. Era 1987. Foi quando Zé o batizou “João das Alagoas”. Nem lembra mais como foi a transição da pintura para a cerâmica mas as encomendas começaram a crescer, ele ficou desempregado e então passou a se dedicar inteiramente a sua arte.

Artista generoso, João transmitiu seus saberes a muita gente interessada. Uma geração inteira de artistas, hoje com projeção e reconhecimento. Suas obras integram importantes coleções de arte popular, estão expostas em galerias por todo o Brasil, também no exterior, como o Museu de Cerâmica do México, foi reconhecido em concursos nacionais e internacionais e ganhou uma menção honrosa em Córdoba, Argentina. Em 2011 foi declarado Patrimônio Vivo Cultural de Alagoas. “Quando comecei esse trabalho, eu não entendia nada do barro. E fui sobrevivendo dele porque ele foi me levando. Ele quis se separar de mim, mas fomos seguindo a vida. Ele foi me ensinando”.

Sobre o território

Crédito da foto: Manoel Carvalho

João Carlos da Silva nasceu no município de Capela, zona da mata alagoana, onde a Mata Atlântica originalmente cobria a região. Presume-se que foi fundado no século XVIII, aproximadamente 1750. Alguns autores acham que antes mesmo já existia ali um arraial habitado por cerca de 50 pessoas. É nesse território que João alimenta de talento e inspiração o atelier que se tornou o celeiro da arte popular de Capela e reúne a produção de alguns dos principais artistas do barro. E consuma: “Foram tantos momentos bons que a arte me proporcionou. Nunca esperou ser patrimônio vivo, nem depois de morto, imagine vivo, né?”

Fonte:        Cultura / Arte Popular Brasil / Museu do Brinquedo Popular / Meus Sertões  

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