A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Arte Indígena Kambiwá – Centro de Arte e Cultura Juvenal Pereira


A arte é muito presente no Território Kambiwá, o centro de arte e cultura que abriga grupos de trabalhos com madeira, barro, semente e trançado. O centro reúne artesãos das três terras indígenas que compõe o Território Indígena Kambiwá, no qual se reúnem para realizar eventos comunitários, produzir e expor suas obras.

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Contato Rita de Cascia
Aldeia Baixa da Alexandra, s/n – Zona Rural, CEP 56560-000, Ibimirim – PE

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“É interessante porque é o valor cultural e afetivo. Não é apenas o bem material, porque é realmente aquilo ali que representa a nossa cultura. Porque onde a gente encontra o Aió, sabe que é origem de Kambiwá. Quando você vê outro povo aqui do nordeste usando Aió, é Kambiwá ou aprendeu com Kambiwá”.

Rita de Cascia

Sobre as criações

O Aió é um cesto com alças criado e utilizado pelo povo Kambiwá há séculos, feito a partir do trançado da fibra do Caroá. Seus antepassados também faziam esteiras da palha do coqueiro ouricuri para sentar, deitar e reunir as famílias para se alimentar.

O caroá é uma planta bastante espinhosa, abundante na Caatinga, que precisa ser batida, lavada e torcida até que se chegue na fibra. Também só pode ser coletada de maneira correta e na época certa, para que a planta não morra. O seu processo de beneficiamento é complexo e especial, “um dom”, segundo Rita de Cascia, representante do grupo de Arte Indígena Kambiwá.

E é com esse dom que as mulheres da cultura Kambiwá transformam a palha do ouricuri e a fibra do caroá em cestarias, boleiras, bolsas, passadeiras e luminárias que vem ganhando espaço em feiras regionais e nacionais. Com um conhecimento vasto a respeito das plantas de seu território, também passaram a tingir as fibras com tinturas naturais, criando contrastes com os pontos de trançado tradicionais.

Ainda, o povo Kambiwá apresenta uma diversidade de técnicas reconhecidas, como o entalhe em madeira e o artesanato com barro.

Dona Maria Justa trabalha o barro em seu ateliê e conta que é uma das únicas pessoas que preserva tradição no território, produzindo figuras, travessas, panelas e outros utilitários com formas simples e atemporais.

Já no artesanato em Madeira, Mestre Bézinho, reconhecido pelo governo do Estado de Pernambuco, preserva e ensina as técnicas de entalhe em Iburana – madeira – da qual são feitos animais da fauna local, colheres pintadas, pilões, santos e figuras tradicionais da cultura Kambiwá, como o Praiá, entidade espiritual que usa indumentária de fibra de Caroá em seus rituais e é representado com frequência nas três técnicas presentes no território.

Sobre quem cria

A arte é muito presente no Território Kambiwá, onde existe um centro de cultura que abriga grupos de trabalhos com madeira, barro, semente e trançado. O grupo de trançado é composto por 15 mulheres indígenas, que se reúnem semanalmente para trabalhar juntas e se dividem entre a agricultura, a criação de bode e outros afazeres.

As técnicas tradicionais também são ensinadas na escola, nas atividades de arte indígena, para que os jovens “vejam na arte uma fonte de renda e de identificação de sua cultura”, de acordo com Rita de Cascia.

Crédito da foto: Bruna Dias

Sobre o território

O Território Indígena Kambiwá está localizado no Alto Sertão Pernambucano, em uma região cercada por serras, entre os municípios de Inajá, Floresta e Ibimirim, em Pernambuco. Na região, “no tempo de seca não se vê um verde, mas na chuva tudo se renova”. Segundo Rita de Cascia, “um lugar abençoado”, que enfrenta severas secas e, por isso, dificuldades na agricultura.

Tem cerca de 3 mil habitantes, divididos em 11 aldeias politicamente autônomas. Logo na entrada do Território há um Centro Cultural, que recebeu o nome de Juvenal Pereira em homenagem a uma das lideranças mais velhas do povo Kambiwá, que lutou pelo reconhecimento do território junto aos companheiros de sua época. É esse centro que reúne artesãos de 3 dessas aldeias: Baixa da Alexandra, Aldeia 04 e Retomada. Ali realizam eventos comunitários, se reúnem para produzir e expor suas obras.

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