Kania Arte Parakanã  


“Quando as mulheres se reúnem para trabalhar, criam redes visíveis de apoio, compartilham conhecimentos sobre a natureza, discutem a vida da aldeia, fortalecem laços que sustentam toda a comunidade. Suas criações são pontes entre o mundo ancestral e o futuro, garantindo que a identidade parakanã continue viva.”

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Sobre as criações

Nas terras do Médio Xingu, onde o rio canta histórias antigas, as mulheres parakanãs tecem mais do que cestas – elas entrelaçam memórias, resistência e identidade. Dentre todos os povos desta região, apenas elas guardam o segredo da palmeira do tucum, transformando suas fibras douradas em cestas, redes e objetos que carregam a força de gerações. Além da cestaria, suas mãos criam colares de sementes e miçangas, pulseiras delicadas, brincos e cada peça é um pedaço da floresta que se torna arte. 

Artesanato Parakanã / Crédito da foto: Jaime Souzza

O processo de criação é uma jornada que começa na mata, onde as mulheres caminham trilhas conhecidas por suas avós. Carregar a fibra do tucum nas costas, secar ao sol, enrolar em bolas perfeitas, buscar o cipó ideal, coletar sementes e preparar as miçangas – cada etapa é um ritual de conexão com a natureza. Nos colares, as sementes nativas se misturam às miçangas coloridas, criando padrões que contam histórias. As pulseiras e brincos complementam essa arte corporal, adornos que conectam quem os usa à identidade parakanã. 

Os grafismos tradicionais que adornam suas peças carregam a memória dos grandes arqueiros parakanãs. As pontas de flecha desenhadas nas cestas ecoam tempos em que o arco era ferramenta de caça, proteção e sobrevivência. Estes mesmos padrões aparecem nas peças, onde as miçangas formam desenhos geométricos com significados transmitidos entre as gerações. Hoje, misturadas às linhas coloridas e miçangas trazidas pelo contato com o mundo exterior, essas peças mostram como a cultura parakanã se mantém viva, adaptando-se sem perder sua essência – um diálogo constante entre tradição e presente. 

Sobre quem cria

Das mais velhas às mais novas, todas as mulheres parakanãs têm as mãos marcadas pela fibra do tucum. Não é apenas um ofício, mas uma expressão feminina que se aprende no colo das avós, nos círculos de conversa em que as histórias se misturam ao trabalho das mãos. Cada mulher que tece é uma guardiã da cultura, uma professora que ensina através dos gestos, pelo exemplo dos dedos que dançam entre as fibras. 

O artesanato parakanã transcende a simples produção de objetos, ele é a organização social feminina em movimento. Quando as mulheres se reúnem para trabalhar, criam redes visíveis de apoio, compartilham conhecimentos sobre a natureza, discutem a vida da aldeia, fortalecem laços que sustentam toda a comunidade. Suas criações são pontes entre o mundo ancestral e o futuro, garantindo que a identidade parakanã continue viva. 

Cada peça produzida é um ato de resistência cultural, uma declaração de que o povo parakanã permanece vivo e criativo. As mulheres não apenas mantêm tradições – elas as renovam, incorporando novos elementos sem perder a essência. Suas mãos criam objetos que falam, que contam histórias, que carregam a força da terra e a sabedoria dos antepassados para o mundo.  

Sobre o território

O povo parakanã habita a Terra Indígena Apyterewa, localizada na região do Médio Xingu, no estado do Pará. A população parakanã, segundo dados do IBGE, é composta por aproximadamente 1.200 indivíduos distribuídos em diferentes aldeias ao longo do território. 

A região está situada no município de Altamira, que possui 159.533 km² de extensão territorial, sendo o maior município do Brasil. O clima é equatorial quente e úmido, com temperatura média anual de 26°C, apresentando duas estações distintas: o período chuvoso (dezembro a maio) e o período seco (junho a novembro). 

O território parakanã é caracterizado pela floresta amazônica densa, cortada pelo rio Xingu e seus afluentes. Esta paisagem natural fornece toda a matéria-prima necessária para o artesanato tradicional – especialmente a palmeira do tucum, o cipó e outros materiais vegetais. A sazonalidade climática influencia diretamente o ciclo de produção artesanal, determinando os períodos ideais para coleta, secagem e processamento das fibras naturais. 

Crédito das fotos: Jaime Souzza

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