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Louça Morena do Povoado Poxica – Itabaianinha


A conhecida louça morena do povoado de Poxica foi batizada pela escritora e poetisa Cecília Meireles, que encantou-se com o tom caramelado das peças. Tal característica é própria do barro encontrado somente nesta região. O ofício cerâmico em Itabaianinha tem marcada raiz indígena, é feminino e doméstico, passado de mãe para filha há gerações.

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Povoado Poxica, casa 80 Itabaianinha SE , CEP 49290-00, Itabaianinha – SE

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Sobre as criações

A conhecida louça morena do povoado de Poxica foi batizada pela escritora e poetisa Cecília Meireles, que encantou-se com o tom caramelado das peças. Tal característica é própria do barro encontrado somente nesta região. O ofício cerâmico em Itabaianinha tem marcada raiz indígena, é feminino e doméstico, passado de mãe para filha há gerações.

A fabricação inicia na coleta do barro, que é amaciado na pisa e separado em blocos. Para cortar esses blocos, a ceramista utiliza um instrumento chamado berimbau – um pau rijo e arqueado com um arame que une suas duas pontas. 

No corte, separa o volume de barro necessário para a fabricação de cada peça, que são abertas manualmente, sem a utilização de tornos. A paêta de coitizeiro, instrumento de forma arredondada feito a partir do fruto da árvore, auxilia na etapa da abertura a dar forma à peça. 

Antes do acabamento é necessário esperar alguns dias para que a peça seque e fique em ponto de couro, como chamam o ponto em que o barro já endureceu, porém conserva alguma umidade. O alisamento das peças realizado primeiro com um pedaço de couro de boi e depois com o mucunã, semente também conhecida como olho de boi, confere brilho e resistência à peça. É fundamental que esta etapa seja realizada com máximo de cuidado, pois é o que garante os princípios utilitários à peça. 

A queima é realizada em fornos também feitos de barro localizados geralmente na extensão da casa e dura um dia todo. Por isso, produz-se muitas peças antes de realizar a queima. Após a queima são realizados os característicos desenhos que delatam a ancestralidade indígena da técnica. O concentrado de casca do cajueiro, do miritizeiro ou da jurema serve de tinta, aplicada com pauzinho de açuqueiro utilizado como lápis. 

As formas tradicionais da louça foram atualizadas nas mãos de Nem, mestra que aprendeu a arte aos 7 anos de idade e inovou na utilidade das peças, ampliando o repertório dos clássicos, alguidares, pratos, cumbucas, tigelas e passarinhos, a sopeiras, bombonieres e petisqueiras. 

Eu aprendi com a minha mãe, minha mãe aprendeu com a mãe dela.

Nem

Louça Morena do Povoado Poxica – Itabaianinha / Crédito das fotos: Divulgação

Sobre quem cria

A tradicional cerâmica de Itabaianinha, conhecida no Brasil e no mundo, vive um declínio em sua produção. Das mais de 60 artesãs que trabalhavam no ofício há poucas décadas, hoje são somente 15 mulheres que detêm os conhecimentos e dominam a técnica em todas as suas etapas produtivas. Valdeci Alves Guimarães, a Nem, é a porta voz apaixonada por sua arte. Relata com orgulho sua trajetória, desde quando produzia ao lado de sua mãe e irmãs na infância, às conquistas alcançadas com a impecável produção. Pelo valor inestimável da obra e reconhecimento, já expuseram em mostras nacionais e internacionais e participam das maiores feiras do setor, como a Feneart e o Salão do Artesanato em São Paulo. 

Louça Morena do Povoado Poxica – Itabaianinha / Crédito das fotos: Divulgação

Sobre o território

À sombra de um tamarindeiro foi que o povoado de Itabaianinha se formou, como pouso dos viajantes. Cresceu com os engenhos de açúcar, o que resultou na instalação de uma estrada de ferro no século XX. 

O município a 108 km ao sul de Aracaju é conhecido por suas indústrias têxteis e produções cerâmicas para construção civil, como telhas e tijolos. Se as grandes olarias dominam a paisagem, é no ambiente doméstico que o trabalho ancestral ganha corpo. A 7 quilômetros do centro do município está o povoado Poxica, local onde a louça morena é produzida de maneira mais expressiva.

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