A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Associação Quilombola Os Rufinos


Na comunidade quilombola Os Rufinos, o trabalho com barro é secular, passou de geração em geração como um saber usado para a produção de utensílios de uso doméstico. Atualmente o grupo produz utensílios de cozinha que carregam uma estética atemporal e sofisticada. Além disso, são feitas bonecas e figuras que representam o cotidiano da comunidade.

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Sobre as criações

Na comunidade quilombola Os Rufinos, o trabalho com barro é secular, passou de geração em geração como um saber usado para a produção de utensílios de uso das famílias e troca de mercadorias. Foi apenas em 2008 que a geração atual identificou o potencial econômico dessa atividade e formaram um grupo de artesanato. Junto à formação da Associação, também houve um resgate da história dos seus ancestrais e a busca pela consolidação de seus direitos como povo quilombola.

Na “Casa de Barro”, ateliê de produção no centro da comunidade, são realizadas as etapas de tratamento da argila, coletada nas “veias de barro” do próprio território: a mistura com a areia que retiram de uma pedra arenosa; o molde manual das peças, secagem, lixamento e o polimento com pedra seixo e óleo vegetal, que garante o brilho surpreendente das peças. As queimas são feitas em fornos artesanais de alta temperatura, e todo processo pode chegar a 20 dias.

São feitos todos os tipos de utensílios de cozinha. Entre as tradicionais panelas e potes, também encontramos diversas travessas, pratos, copos e canecas. A produção se estende a vasos, moringas, garrafas e resfriadeiras com formas sinuosas que carregam uma estética atemporal e sofisticada. Além disso, são feitas bonecas e figuras que representam o cotidiano de suas vidas.

Estão presentes em 5 pontos de venda físicos: três lojas da Economia Solidária, em Pombal, João Pessoa e Soledade, e uma loja própria na Rodoviária de Pombal, todas na Paraíba. Participam de feiras regionais e produzem por encomenda para restaurantes e empresas, além de pedidos personalizados para o consumidor final.

Peças de cerâmica produzidas por Associação Quilombola Os Rufinos. / Crédito da foto: Bruna Dias

Sobre quem cria

A arte de moldar o barro começou com Mãe Quina, bisavó da atual geração, que ensinou suas filhas, Maria, Ana e Severina. As quatro tinham o hábito de fazer as panelas para trocar por outras mercadorias.

Apenas na geração seguinte a comunidade passou a vender suas peças e produzir por encomenda. Eram Edith, Francisca, Maria e Hilda – mães e avós dos artesãos que hoje formam a associação.

Em 2008, com o apoio do SEBRAE, Manoel Silva Santos (artesão local) ministrou uma oficina para dividir o conhecimento herdado. A partir daí, houve um resgate das técnicas tradicionais que estavam preservadas apenas com alguns integrantes da comunidade.

Também participaram de formações, em 2013, com a mestra Maria José de Maturéia, que aperfeiçoaram o acabamento polido com pedra e óleo vegetal, característico de suas peças.

Foi assim que o grupo passou a ter o artesanato como atividade econômica importante para as famílias envolvidas e se consolidou como uma referência na produção de cerâmica na Paraíba.

As 15 pessoas, entre homens e mulheres, se reúnem na “Casa de Barro” para reuniões e produção, ainda que também produzam em suas casas. As etapas de produção são divididas, assim como dividem seus ganhos.

Integrantes da Associação Quilombola Os Rufinos e consultora da Artesol Lucyana Xavier. / Crédito da foto: Bruna Dias

Integrantes da Associação Quilombola Os Rufinos / Crédito das fotos: 1. Lucyana Xavier 2 – 5. Bruna Dias

Sobre o território

O Quilombo Os Rufinos está localizado na Zona Rural de Pombal, pequena cidade do sertão paraibano. O território, diferente do que se pode imaginar, não foi um quilombo formado a partir de uma população refugiada, mas foi adquirido pelas famílias no início do século XX.

A área é banhada pelos rios Piranhas e Piancó, entre suas oscilações de seca e cheia. É nesse ciclo da natureza que eles se alternam entre o artesanato com barro e a agricultura, cultivando arroz vermelho, milho, feijão, criando bode e gado. Também há muito conhecimento e uso das plantas da região na feitura de chás e lambedores.

Há uma tradicional novena para Santa Luzia no mês de dezembro, que leva dezenas de pessoas devotas à casa de Dona Chica para homenagear e fazer suas preces à santa, representada por uma pequena imagem de madeira com mais de 100 anos. Em março também há a novena de São José e, no dia 08 de dezembro, uma procissão para Nossa Senhora da Conceição.

Matriarca Dona Chica / Crédito das foto: Bruna Dias

Integrantes da Associação Quilombola Os Rufinos / Crédito das fotos: Bruna Dias

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