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Sobre as criações
A partir da marcenaria e entalhe de madeiras nobres, como pau-brasil, itaúba e sucupira preta, Marques produz gamelas, tigelas, fruteiras, pratos, garfos, colheres, remos, canoinhas (de uso decorativo) e animais – botos, arraias, jacarés, sapos e jabutis. Adquire a madeira ou coleta pedaços das árvores caídas que encontra perto da sua comunidade. A itaúba e a sucupira preta necessitam secar antes de serem trabalhadas, já o pau-brasil pode ser trabalhado assim que coletado. Após preparadas, ele desenha a madeira segundo a peça que pretende esculpir. A madeira é então cavada com formão, depois cortada com o terçado, um tipo de facão. Com a peça quase pronta, Marques usa a lixadeira para fazer o acabamento das peças. Ele finaliza lixando à mão, e passa cera para manter o brilho e revelar a bela cor da madeira.
Conta que o fazer manual faz parte da cultura da sua comunidade, junto à dança e a culinária e por isso são muito valorizados: “o artesanato a gente valoriza muito na nossa cultura. Eu que sou indígena, os familiares, a gente valoriza muito a nossa cultura de artesanato, de danças, de comidas típicas”.
As tigelas, colheres e gamelas são usadas até hoje para o uso cotidiano entre os Baré, conta Marques. Os itens ajudam a preservar e celebrar o legado dos seus antepassados:
“A tigela que a gente faz é desde os nossos antepassados, os bichinhos, as máscaras que fazemos em artesanato, tudo é dos nossos antepassados. É o jeito de preservar nossa cultura e não deixar esquecer”.
Sobre quem cria
Artesão desde os 12 anos, Marques vive na aldeia da Terra Preta, próximo a Manaus. Aprendeu observando outros artesãos da comunidade trabalhando, e a curiosidade o levou a experimentar as artes com a madeira. Com os anos foi praticando, esculpindo e aprimorando sua técnica. Conta que antes não conseguia fazer o acabamento ideal, mas foi se aperfeiçoando, aprendendo por conta própria, e hoje se sente satisfeito com o acabamento das peças que produz.
Participa de um grupo em formação, de artesãs e artesão da sua comunidade, apoiado pela ONG Ipê. O grupo é formado por artesãos que produzem peças esculpidas em madeiras, biojoias, elaboradas a partir da montagem com sementes, miçangas e fibras, além de cestaria com fibras, produzindo aturás (cestos), abanos, dentre outros.
Realiza o repasse de seus conhecimentos e saberes artesanais para os mais jovens de sua comunidade através de oficinas, o que ajuda a manter viva a tradição dos fazeres manuais tradicionais em madeira, sementes e fibras.
Sobre o território
A comunidade Terra Preta fica na margem norte do Rio Xingu, a 80km de Manaus, e cerca de 4 horas de distância de barco da capital do Amazonas. Os Baré são “oriundos da família linguística aruak, hoje falam uma língua franca, o nheengatu, difundida pelos carmelitas no período colonial. Integram a área cultural conhecida como Noroeste Amazônico”, segundo a fonte do Instituto Socioambiental (ISA).
As famílias que compõe a comunidade Baré, cerca de 170 pessoas, vieram de outro território, São Gabriel da Cachoeira, no Alto do Rio Negro, entre os anos 90 e 2000. Por ser próximo a Manaus, este novo território facilitou o acesso à educação, saúde e infraestrutura básica. Além disso, até a pandemia a aldeia era frequentemente ponto turístico, o que ajudava muito a venda dos artesanatos. Infelizmente, depois de 2020, cada vez menos turistas têm visitado a comunidade, o que dificulta muito a circulação de seus produtos.
Na comunidade Terra Preta há uma diversidade da produção artesanal, já que cerca de 80% das pessoas na comunidade trabalham com artesanato. Produzem artefatos em madeira, assim como biojoias e utensílios confeccionados com sementes, também pintam tecidos em algodão com telas e estampas características.