A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Grupo de Mulheres de Renda – Cáritas Paroquial Cruzeiro de Poção


Sobre as criações A renda renascença é uma construção têxtil, caracterizada como renda de agulha, pois tem a agulha de mão como única ferramenta para seu feitio. Esse tipo de […]

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Rua Teodoro Alves de Carvalho, 46 , CEP 55240-000, Poção – PE

Sobre as criações

A renda renascença é uma construção têxtil, caracterizada como renda de agulha, pois tem a agulha de mão como única ferramenta para seu feitio. Esse tipo de renda era muito popular na Europa entre os séculos XIV e XVII, especialmente em países como França e Itália. Após o arrefecimento da produção em seus principais pólos, decorrente de transformações socioeconômicas, a inserção de um novo material no século XIX foi determinante para a renda ganhar outros territórios e popularizar-se novamente: O lacê.

Foi nessa configuração que chegou ao Brasil, no fim do século XIX, possivelmente por intermédio de religiosas francesas da congregação Filhas da Caridade residentes no Convento Santa Teresa em Olinda – PE. A tecnica se espalhou pelo sertão pernambucando chegando em Poção pelas mãos da mestra Lala.

Foto de divulgação Artesol

Os materiais básicos usados na renda são o papel manteiga, o papel kraft, o lacê e a linha. A almofada, ou cabeceira como é também chamada, pode ter vários tamanhos e serve de suporte para a fabricação das peças, que pode durar meses.

Aprende-se o ofício desde muito cedo. – Desde a barriga da mãe, como dizem muitas rendeiras. Porque o conhecimento técnico é construído no corpo, são os gestos que se aprendem. Assim, de tanto se observar e vivenciar a técnica, as mãos aprendem a traduzir o manejo da agulha, os trejeitos com a almofada.

Sobre quem cria

No ano de 2008 dona Terezinha e Padre Cazuza, lideranças locais, organizaram um grupo de mulheres como forma de gerar renda e preservar no município a arte e o ofício da renda renascença. 

Difícil encontrar uma casa no município onde ninguém saiba rendar. É um aprendizado passado no convívio cotidiano e importante fonte de renda para a região. Considerado isso, as integrantes do grupo conhecido como Mulheres de Renda, com suporte da Cáritas Paroquial Cruzeiro de Poção, já sabiam rendar e fortaleceram a produção através da união do grupo. 

Foto de divulgação Artesol

Por sua formação ser integrada a um grupo de formação católico, o trabalho das rendeiras atua em outras dimensões para além da geração de renda. É uma forma de organização de ação social integrada à dimensão mística da igreja católica. A Cáritas Paroquial Cruzeiro de Poção é uma entidade da Paróquia Nossa Senhora das Dores que integra a Diocese de Pesqueira. 

Ao longo da primeira década de existência, o grupo participou de feiras em todo território nacional, com destaque para as edições da Fenearte, maior e mais relevante feira do setor no país. 

Sobre o território

Cidade de temperatura amena por sua altitude, Poção localiza-se a 241 km da capital Recife. A cidade o semiárido pernambucano é considerada o berço da Renda Renascença no Brasil. Isso porque foi lá onde, através das mãos de mestres como Lala e Odete que a renda renascença espraiou-se pelo semiárido pernambucano e paraibano. De início, o conhecimento era mantido em segredo pois era uma importante fonte de renda, como relembra mestre Odete, hoje com 93 anos: “Dona Áurea mandou Lala arranjar pessoas para aprender a fazer renascença que ela assegurava o material necessário e a freguesia. Foi assim que começamos em Poção, em uma casa que só tinha uma janela e uma porta sempre mantidas fechadas. Trabalhávamos das 6h às 18h, de segunda-feira a sábado. A cidade fundada em 1953 tem sua história recente intimamente ligada à da renda, produzida hoje principalmente nas zonas rurais e comercializada na feira da Praça da Matriz, que vem sendo revitalizada pelo grupo.

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