A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Olê Rendeiras


As peças produzidas pelo grupo têm um design diferenciado, com cartelas de cores cuidadosamente escolhidas e criação de padrões mais contemporâneos aplicados às peças de roupas.

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Sobre as criações

No Trairi tem uma árvore que chama-se bilreiro, que oferece sementes para o acabamento das agulhas, feitas de espinhos de cardeiro. Porém, engana-se quem pensa que foi a árvore que deu nome à renda, foi bem o contrário. 

A renda de bilros já veio com esse nome de sua terra de origem, há séculos atrás. Já em Portugal, chamava-se assim por conta da sua principal ferramenta, os bilros. Bilros são as peças de madeira torneada ou semente que pendem da almofada servindo de suporte para a linha que será rendada. 

De tão popular no estado, é conhecida também como Renda do Ceará. Trazida por mulheres portuguesas, a renda de bilro ancora no Brasil e é incorporada culturalmente e difundida nos sertões e litorais. O ofício secular se perpetua pelas mãos insistentes das mais de 5000 mulheres do Trairi que perseveram em suas produções. 

Para tecer, são necessários almofada (cavalete forrado com chita), bilros, desenhos, alfinetes (ou espinhos de cardeiro), linha, disciplina, paixão e muita paciência. Ânimo e mansidão. As peças produzidas pelo grupo têm um design diferenciado, com cartelas de cores cuidadosamente escolhidas e criação de padrões mais contemporâneos aplicados às peças de roupas.

Sobre quem cria

Crédito da foto: Jamille Queiroz

Crédito das fotos: Jamille Queiroz

A história do grupo começa em 2019, quando a Catarina Mina foi convidada pela QAIR a desenvolver um projeto junto às mulheres de Trairi, no litoral oeste do Ceará. Mas a história por trás da Olê é muito mais antiga, é contada no trabalho de mulheres que há décadas aprenderam o ofício observando suas mães e avós trabalhando na produção. 

A região do Trairi é uma das maiores produtoras da renda de bilros do Brasil, estima-se que são mais de 5000 rendeiras. O projeto abrange hoje 14 comunidades, totalizando 100 rendeiras integrantes. 

Além da inovação na combinação de cores, nos pontos e no design das peças, Olê Rendeiras inova também nos modelos de gestão colaborativa e comercialização. As peças são vendidas em lote, ou seja, as clientes compram online e o pedido tem 50 dias para ser preparado e enviado. Isso reduz os custos e faz com que as peças alcancem valores mais justos para quem produz e para quem compra.

Sobre o território

Um misto de sertão e litoral, Trairi localiza-se a 137 km  da capital Fortaleza. Nasceu como aldeia em 1608 com a chegada dos portugueses, às margens do Rio Trairi, que em tupi significa Rio das Traíras. Foi emancipado como município em 1951. 

Com pouco mais de 56 mil habitantes, estima-se existir cinco mil rendeiras, cerca de 10% da população. Número tão expressivo que uma lei estadual de 2010 confere ao município o título de “terra da renda de bilro no Ceará”. O principal indicador é de caráter imaterial. Um saber ancestral que preenche as calçadas, ao cair do sol. 

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