Oziana Oliveira
Oziana habilmente produz bolsas, tapetes, biojoias, bandejas, enfeite de parede e sousplat a partir de fibras variadas, como fibra de bananeira, capim-luca e fibra de coco.
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Sobre as criações
Oziana habilmente produz bolsas, tapetes, biojoias, bandejas, enfeite de parede e sousplat a partir de fibras variadas, como a fibra de bananeira, capim-luca e fibra de coco.
As bananeiras são plantas do gênero Musa, da família Musaceae, sendo cultivadas para uso de suas fibras ou de seus frutos, as bananas. É formada por um rizoma subterrâneo, um falso tronco – composto pelas bainhas das folhas superpostas, além das flores, espatas e os frutos. No sítio em que vive, ela e o esposo são agricultores familiares, cultivam bananeiras e em seu artesanato utiliza os troncos, já que os frutos são consumidos ou vendidos.
Para obter a fibra de bananeira, Oziana faz todo o tratamento do material. Primeiro, colhe o tronco (ou pseudotronco), retira a capa externa e separa cada “folha” que compõe o troco em cinco produtos: o filé, o contra-filé, capa, renda e seda. A depender da espécie de banana, as espessuras de cada uma dessas partes podem mudar. Após separadas, as fibras precisam secar, sendo dispostas no varal retas ou enroladas, como fitilhos. As capas e as sedas são penduradas enroladas, já a renda, filé e contra-filé são penduradas retas, pois não se dobram quando secam, mantendo a flexibilidade.

Primeiro, vão ao sol pleno e passam um dia inteiro secando. Ao final da tarde, ela colhe tudo, e vira, colocando para dentro o lado que estava para fora, e vice-e-versa. A ideia é que as fibras sequem completamente de ambos os lados, para que possam ser trabalhadas. A partir do segundo dia, as fibras são novamente penduradas, enroladas ou retas, mas desta vez na meia sombra. Ficam cerca de três dias na meia sobra, e depois do terceiro dia já podem ser utilizadas, ou são guardadas de modo a evitar a umidade.
A fibra de bananeira é versátil, e os seus diferentes tipos de fibra podem ser utilizados para produzir peças diversas, a depender do que permitem: a seda, por exemplo, é bem fina e pode ser utilizada para fazer flores, trançados mais delicados, como cordinhas e colares. Já a capa, a artesã utiliza para fazer os trançados maiores, que resultam em lindas bolsas, aproveitando as cores desse material, que tem tons arroxeados.
Oziana decidiu trabalhar com a fibra de bananeira pois queria aproveitar ao máximo o material que tinha à sua disposição. Demorou para aprender a secar bem a fibra, foram muitas tentativas e testes. Conta que quando domina a técnica de como utilizar um tipo de fibra, ela testa em outra. Assim, ela também trabalha com o capim-luca, chamado popularmente de capim-capeta por ser um tipo de planta daninha que invade os pastos, e com a fibra do côco, que ela seca e depois desfia. “Não consigo ficar parada só com uma coisa, eu vou testando. Eu vou pesquisando, se faltar uma, uso outro”.
Curiosa, criativa, ela encara o trabalho com artesanato como uma forma de transformar em arte aquilo que outras pessoas podem ver como descarte, como um material sem utilidade. Experimenta constantemente técnicas e materiais – já faz crochê, bordado, tricô, trançado e costura. E em suas peças vemos essas diferentes técnicas se encontrando e se complementando, formando uma linguagem que é única e sua.
“Meu lema é esse: o céu é o limite, se der, eu vou fazer“.
Sobre quem cria
Oziana é bióloga de formação e pós-graduada em sustentabilidade. Sua formação se entrelaça com as suas habilidades e fazeres manuais, que carrega desde criança. Ela aprendeu a fazer crochê aos oito, e logo depois, a fazer tricô. Aprendeu sozinha, experimentando, vendo o que dava certo. Não por acaso, foi assim também que ela aprendeu a trabalhar com o artesanato – se ensinando.
“Desde pequena eu gostava de inventar coisas, eu não queria fazer igual aos outros, queria fazer o que tava na minha cabeça”.

Casou-se cedo, aos 16 anos, e aos 17 teve sua primeira filha. A segunda veio aos 19 anos. Apenas depois das filhas já crescidas que conseguiu continuar seus estudos e finalizar o Ensino Fundamental II, através de telecurso. Fez o Ensino Médio na escola, presencialmente, e em seguida foi para a faculdade na cidade, Vitória de Santo Antão.
Concluiu o curso de biologia em 2019, e retomou o trabalho com o marido na agricultura familiar. Cultivam banana prata, e passou a ver que da planta poderia tirar outros frutos, para além da banana. Como cada pé de bananeira dá apenas um cacho de banana, e depois é cortado, sendo utilizado para adubo, ela viu nos troncos uma fonte abundante de fibras para trabalhar com artesanato.
“Eu comecei a ver um material bom se perdendo. Comecei a pesquisar e fazendo as minhas experiências, cheguei ao que eu sei hoje. Foi tudo na prática, no teste, até chegar ao que eu sei hoje”.
Em 2019 ela fez as primeiras experiências com a secagem e o trançado da fibra, e em 2020 já tinha encontrado um jeito próprio de manejá-la e trabalhá-la. Foi assim que começou a trabalhar profissionalmente com artesanato e comercializar em uma feira local. Com a ajuda de uma de suas filhas, fez uma página de divulgação do seu trabalho na internet, que funciona também para receber pedidos.
Em 2024 ela deu oficinas de como produzir bolsas com a fibra de bananeira na Fenearte. Recebeu o Prêmio no 19º Salão de Arte Popular Ana Holanda, da 24ª Fenearte, com a obra Cacto Compadecida, um item decorativo feito de Capim, a partir das técnicas de trançado e bordado. O prêmio é um incentivo para continuar seu trabalho de experimentação e criação com novas fibras e quem sabe, outras técnicas.
Sobre o território

Vitória de Santo Antão está localizada no Planalto da Borborema e é cortada pela bacia do Rio Tapacurá. Está a 46 quilômetros da capital do estado, Recife. O fundador da cidade, o português Diogo Braga, era natural da ilha de Santo Antão, em Cabo Verde, e batizou o local em homenagem à sua terra natal. Já o nome “Vitória” foi dado posteriormente, apenas quando foi elevada à categoria de vila em 1843, em homenagem à vitória dos portugueses contra os holandeses e a retomada da cidade de Recife.
Conta-se que a cidade teve um papel comercial importante para os viajantes que seguiam ao São Francisco, passando pelo vale do Mocotó. O cenário sertanejo e história da cidade foi cenário dos filmes Cabra Marcado pra Morrer (1984), de Eduardo Coutinho e Lisbela e o Prisioneiro (2003), de Guel Arraes.
A cidade, e a festa de Santo Antão, foi eternizada em homenagem do Rei do Baião, Luíz Gonzaga, na música “Vitória de Santo Antão”:
Vem gente até do Recife
Pras novena de Vitória
Pra comer rolinha assada
Ribaçã frita na hora
As ruas fica entupida
De gente que vem de fora
São nove noite de festa
Quando acaba, a gente chora
Aqui vou deixar meu coração
Adeus, Vitória de Santo Antão
Aqui vou deixar meu coração
Adeus, Vitória de Santo Antão





