A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Associação Linhas de Minas 


A Associação Linhas de Minas é formada por aproximadamente 20 mulheres da zona rural de Lima Duarte. Trabalham com Bordado Livre e Cestaria, produzindo peças com as técnicas separadamente e também integradas. Representam cenas cotidianas da vila em seus bordados e resgatam tradições indígenas do trabalho com Taboa e Fibra de Bananeira.

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Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.

Telefone (32) 99930-4485
Contato Letícia Nogueira Fonseca
Rua São José Operário, 285, CEP 36140-000, Lima Duarte – MG

A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.

Sobre as criações

O grupo Linhas de Minas é composto por aproximadamente 20 mulheres da Vila de São José dos Lopes, zona rural de Lima Duarte, em Minas Gerais, e produz diversos produtos em Bordado Livre e Cestaria com Fibras naturais.  

No bordado, seus pontos livres dão vida a jogos americanos, almofadas, toalhas de mesa, cachecóis, kaftans e até cadeiras, luminárias e bancos. Para tanto, o grupo estabelece parcerias com artesãos e marceneiros locais, fomentando a economia na região.  

Valorizam a riqueza cultural preservada na vila, trabalhando com temas locais, bordando o cotidiano rural, a arquitetura, bem como a flora e a fauna locais. Exploram suas imagens do dia-a-dia: uma diversidade de pássaros, orquídeas, cirandas de crianças e a igrejinha de Ibitipoca. São esses retratos da pequena vila, somados à tradição da cestaria, que encantam seus clientes e turistas que passam por ali, com a sutileza e originalidade do trabalho, que envolve mulheres artesãs e dão a elas autonomia, renovam o olhar para a vida simples e o contato com a natureza abundante. 

Artesã Lucineide Aparecida da Silva / Crédito da foto: Celine Billard

Crédito das fotos: Celine Billard

Na cestaria desenvolvem cestos, pufes, tapetes, luminárias, dentre outros, explorando o conhecimento tradicional de herança indígena em relação ao uso das fibras de Taboa e Bananeira.  

Para o trabalho com Taboa, os processos implicam no corte coleta, feitos pelos homens da comunidade, secagem por uma semana no “Giral” – tablado suspenso feito de bambu – para posteriormente serem separadas em 03 grupos: as mais grossas para cestos; as mais maleáveis e delicadas, com as quais são feitas os tapetes na tecelagem; e, o Fio da Taboa, que é fino e maleável, e pode ser usado para fazer crochê e luminárias. 

Já a Fibra de Bananeira, nessa localidade, passa por um processo especial: após o corte do cacho, o caule é deixado por 15 dias no chão, período em que ganha um brilho “amarelo ouro”. Só após esse período a fibra é desfiada e pendurada para secagem. Já com as fibras secas, as artesãs fazem as tranças que serão costuradas para compor os cestos. 

Essa diversidade de técnicas e produtos estão em constante evolução, pois o grupo está sempre se atualizando em formações para aperfeiçoamento, buscando inovar e refinar as práticas em bordado, associando novos materiais e técnicas para cestaria, como a  tecelagem mineira que está em processo de resgate, utilizando as mesmas fibras coletadas na região. 

Sobre quem cria

Artesã Maria do Carmo / Crédito da foto: Celine Billard

Na vila de São José dos Lopes sempre houveram bordadeiras talentosas que, como em muitas das vilas rurais brasileiras, aprenderam a bordar com suas ancestrais como parte das atividades ensinadas entre mulheres.  

Foi apenas em 2018 que um pequeno grupo passou a se reunir na Casa do Sol, uma associação cultural local, para bordar. A iniciativa de formar esse grupo foi da agente cultural Letícia Nogueira que, ao conhecer Analice,  sua mãe e sua madrinha, que já bordavam, com o propósito de reunir mulheres da vila e desenvolver um trabalho coletivo. 

A organização da produção é distribuída coletivamente, desde as encomendas, separação de materiais, articulação das artesãs e envio dos pedidos. O grupo se orgulha em transformar a realidade da região a partir do trabalho com artesanato. 

Sobre o território

Crédito da foto: Celine Billard

O casarão onde as artesãs reunem-se, conhecido como Casa do Sol,  fica na vila de São José dos Lopes, a 12 km de Lima Duarte (município), tendo São José dos Campos como a cidade conhecida mais próxima. É um território turístico por estar muito próximo ao Parque Estadual de Ibitipoca. 

O Parque é bastante visitado, recebe aproximadamente 90 mil visitantes ao ano. Preserva 1500 hectares de Mata Atlântica, cheia de mirantes e cachoeiras. É a principal atração da região e também centraliza as principais atividades econômicas do vilarejo, junto à agricultura familiar. 

Além do parque e do trabalho com turismo, a vila não oferece muitas oportunidades de trabalho, e esse é um ponto bastante importante para o grupo Linhas de Minas, pois elas entendem que o trabalho com bordado e cestarias vem transformando a visão das mulheres, gerando independência e bem-estar, em um fluxo de transformação das relações com o trabalho e o território. 

Alice, artesã responsável pela articulação da produção,  relata que foi pelo trabalho com artesanato que ela pôde permanecer em São José do Lopes, próxima à sua família, já que a falta de oferta de trabalho na região também é a principal razão do êxodo de jovens para cidades maiores. 

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