Associação Linhas de Minas
A Associação Linhas de Minas é formada por aproximadamente 20 mulheres da zona rural de Lima Duarte. Trabalham com Bordado Livre e Cestaria, produzindo peças com as técnicas separadamente e também integradas. Representam cenas cotidianas da vila em seus bordados e resgatam tradições indígenas do trabalho com Taboa e Fibra de Bananeira.
Mostrar contatos
AbrirFechar
Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.
A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.
Sobre as criações
O grupo Linhas de Minas é composto por aproximadamente 20 mulheres da Vila de São José dos Lopes, zona rural de Lima Duarte, em Minas Gerais, e produz diversos produtos em Bordado Livre e Cestaria com Fibras naturais.
No bordado, seus pontos livres dão vida a jogos americanos, almofadas, toalhas de mesa, cachecóis, kaftans e até cadeiras, luminárias e bancos. Para tanto, o grupo estabelece parcerias com artesãos e marceneiros locais, fomentando a economia na região.
Valorizam a riqueza cultural preservada na vila, trabalhando com temas locais, bordando o cotidiano rural, a arquitetura, bem como a flora e a fauna locais. Exploram suas imagens do dia-a-dia: uma diversidade de pássaros, orquídeas, cirandas de crianças e a igrejinha de Ibitipoca. São esses retratos da pequena vila, somados à tradição da cestaria, que encantam seus clientes e turistas que passam por ali, com a sutileza e originalidade do trabalho, que envolve mulheres artesãs e dão a elas autonomia, renovam o olhar para a vida simples e o contato com a natureza abundante.
Na cestaria desenvolvem cestos, pufes, tapetes, luminárias, dentre outros, explorando o conhecimento tradicional de herança indígena em relação ao uso das fibras de Taboa e Bananeira.
Para o trabalho com Taboa, os processos implicam no corte coleta, feitos pelos homens da comunidade, secagem por uma semana no “Giral” – tablado suspenso feito de bambu – para posteriormente serem separadas em 03 grupos: as mais grossas para cestos; as mais maleáveis e delicadas, com as quais são feitas os tapetes na tecelagem; e, o Fio da Taboa, que é fino e maleável, e pode ser usado para fazer crochê e luminárias.
Já a Fibra de Bananeira, nessa localidade, passa por um processo especial: após o corte do cacho, o caule é deixado por 15 dias no chão, período em que ganha um brilho “amarelo ouro”. Só após esse período a fibra é desfiada e pendurada para secagem. Já com as fibras secas, as artesãs fazem as tranças que serão costuradas para compor os cestos.
Essa diversidade de técnicas e produtos estão em constante evolução, pois o grupo está sempre se atualizando em formações para aperfeiçoamento, buscando inovar e refinar as práticas em bordado, associando novos materiais e técnicas para cestaria, como a tecelagem mineira que está em processo de resgate, utilizando as mesmas fibras coletadas na região.
Sobre quem cria
Na vila de São José dos Lopes sempre houveram bordadeiras talentosas que, como em muitas das vilas rurais brasileiras, aprenderam a bordar com suas ancestrais como parte das atividades ensinadas entre mulheres.
Foi apenas em 2018 que um pequeno grupo passou a se reunir na Casa do Sol, uma associação cultural local, para bordar. A iniciativa de formar esse grupo foi da agente cultural Letícia Nogueira que, ao conhecer Analice, sua mãe e sua madrinha, que já bordavam, com o propósito de reunir mulheres da vila e desenvolver um trabalho coletivo.
A organização da produção é distribuída coletivamente, desde as encomendas, separação de materiais, articulação das artesãs e envio dos pedidos. O grupo se orgulha em transformar a realidade da região a partir do trabalho com artesanato.
Sobre o território
O casarão onde as artesãs reunem-se, conhecido como Casa do Sol, fica na vila de São José dos Lopes, a 12 km de Lima Duarte (município), tendo São José dos Campos como a cidade conhecida mais próxima. É um território turístico por estar muito próximo ao Parque Estadual de Ibitipoca.
O Parque é bastante visitado, recebe aproximadamente 90 mil visitantes ao ano. Preserva 1500 hectares de Mata Atlântica, cheia de mirantes e cachoeiras. É a principal atração da região e também centraliza as principais atividades econômicas do vilarejo, junto à agricultura familiar.
Além do parque e do trabalho com turismo, a vila não oferece muitas oportunidades de trabalho, e esse é um ponto bastante importante para o grupo Linhas de Minas, pois elas entendem que o trabalho com bordado e cestarias vem transformando a visão das mulheres, gerando independência e bem-estar, em um fluxo de transformação das relações com o trabalho e o território.
Alice, artesã responsável pela articulação da produção, relata que foi pelo trabalho com artesanato que ela pôde permanecer em São José do Lopes, próxima à sua família, já que a falta de oferta de trabalho na região também é a principal razão do êxodo de jovens para cidades maiores.