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Sobre as criações
O mestre João das Alagoas foi uma grande inspiração para Sil, que passou a fazer primeiramente os cavalinhos que ensinava a todos que estavam começando. Até que um dia, mestre João lhe sugeriu que fizesse uma jaqueira, árvore frutífera muito presente no estado de Alagoas.
“Tudo o que a gente fazia era embaixo de uma jaqueira. Sempre tem uma jaqueira no quintal que serve pra descanso. E eu vivi muito isso, nos cortes de cana, onde víamos uma jaqueira já queríamos estar embaixo”.
E essa árvore acabou se tornando a sua marca registrada. Em muitas de suas obras, a jaqueira é o cenário onde se desenrolam diferentes cenas, desde as mais simples, como um casal namorando, uma mãe amamentando, pessoas lendo um livro, até as mais complexas, como uma missa acontecendo na Igreja, festa de casamento, entre tantas outros enredos sertanejos.
Sobre quem cria
Sil, como sempre foi chamada carinhosamente pela família, e como ficou conhecida, é Maria Luciene da Silva Siqueira, uma das mais importantes artistas populares contemporâneas do Brasil. Sil nasceu em 14 de agosto de 1979, em Cajueiro, município próximo a Capela, onde viveu com a família até completar 16 anos e fugir com o namorado, atual esposo, André. Sil tinha mais 14 irmãos e cuidou de muitos deles, enquanto viveu com os pais, nas fazendas canavieiras, onde toda a família trabalhava no corte da cana de açúcar. Atividade à qual se dedicou até os seus 19 anos.
Sil e o esposo moraram na casa da mãe de André, em uma fazenda canavieira, e ali tiveram sua primeira filha, Cristina, diagnosticada com autismo. Quando a fazenda foi arrendada, Sil e André decidiram ir para o município de Capela, em busca de mais oportunidades. Na busca de caminhos para tentar dar um futuro melhor para ela e sua filha, começou a participar de uma Associação de pais com filhos em condições especiais. A partir da Associação, Sil teve acesso a algumas oficinas de artesanato, oferecidas em parceria com o Sebrae.
Até que chegou o dia da oficina que conquistou definitivamente o seu coração: oferecida pelo mestre João das Alagoas, considerado patrimônio vivo do estado, Sil participou da oficina de cerâmica e ficou encantada com a vocação do artista que transformava barro em arte. No dia seguinte da oficina, João das Alagoas levou os participantes até o seu atelier, para que conhecessem de perto o processo artístico. Desse dia em diante, Sil não saiu mais do atelier, onde aprendeu a manusear o barro e usa-lo como matéria-prima para as suas criações.
“É isso que eu quero, vou aprender. Não sabia se ia dar certo, mas a minha vontade era tanta que deu certo”.
Na época teve que aprender a lidar com as críticas e as pessoas que a desestimulavam, dizendo que deveria se dedicar aos filhos, que nesse momento eram 3, e buscar trabalho como faxineira ou lavadeira. Movida pela paixão que corre em suas veias, Sil seguiu o seu coração e depois que vendeu as suas primeiras peças, nunca mais teve dúvidas.
“Fazia cavalinhos e juntava na parede e ficava pensando que um dia alguém chegaria e acharia lindo e levaria. E um dia chegou um senhor que achou lindos os cavalinhos e levou os 6. (…) Agradeço todos os dias a Deus por manter meus pés no chão e não precisar dar resposta pra ninguém, porque o meu trabalho no dia-a-dia era a resposta que podia dar. (…) Ninguém manda no coração de ninguém, e queriam mandar no meu”.
Hoje, com mais de 25 anos na arte figurativa, Sil é considerada pelos mais importantes galeristas de arte popular do Brasil, marchands e colecionadores a maior descoberta da arte popular do Brasil nas últimas décadas. Em 2017, Sil participou de uma novela da Globo (A Lei do Amor) interpretando ninguém menos que si mesma (contracenando com Reynaldo Gianecchini e Claudia Abreu, que fazia uma galerista). Atualmente, a artista vende para todo o Brasil e muitos países do exterior, incluindo galerias de Nova York e da Europa.
Um projeto que ainda espera realizar é o de “ter o poder das letras. Poder pegar um livro e devorar ele sem estar soletrando, ler uma frase cantando, sem gaguejar. A gente não teve um livro na hora certa, um lápis na hora certa. Não tive a oportunidade de ter acesso a escola, porque tivemos que trabalhar muito cedo. (…) Eu não tinha a dimensão da importância da leitura para um ser humano. Acho muito bonito”.
Sobre o território
A cidade de Capela, conhecida como “Princesa do Vale do Paraíba”, também chamada de “Terra dos Canaviais”, é banhada pelo Rio Paraíba. A produção de cana-de-açúcar, a pecuária e o artesanato são as principais atividades econômicas da cidade.
O Rio Paraíba é um dos cursos d’água mais importante do Estado, cortando vários municípios da Zona da Mata, em seu percurso. O tipo de vegetação que caracteriza o município de Capela é o da Mata Atlântica, situada na porção Leste do Estado.