Tece Arte – Associação das Redeiras de Limpo Grande
A Rede Cuiabana é Patrimônio Material e Imaterial da cidade de Várzea Grande, no Mato Grosso. Feita em tear vertical, em fios de algodão, apresentam cores vibrantes e motivos da fauna e da flora de seu território. Produzem redes, bordados em quadros (similares ao filé), mas também xales, quadros e roupas.
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Sobre as criações
As artesãs da Associação Tece Arte produzem redes de dormir em um Tear Vertical, conhecido em algumas regiões como Tear de Alto Liço. São as guardiãs do Patrimônio Material e Imaterial da cidade de Várzea Grande e do Estado do Mato Grosso: a Rede Cuiabana.
Essa tecelagem é uma técnica tradicional, familiar, passada de geração em geração entre mulheres. É bastante complexa, pois o tear utilizado é como um painel vertical, onde são posicionados os fios de urdume manualmente, e cada rede tem seu próprio liço (ferramenta de separação dos fios para gerar o entrelace), também montado manualmente.
O urdume, ou seja, a base da tecelagem, é montado verticalmente em voltas ao redor do quadro, formando uma sequência de fios, que serão separados e amarrados em liços de cores diferentes.
É justamente no momento da trama que as artesãs separam o urdume pelos liços, de acordo com a cor. Conforme vão tramando, levantam os liços que vão formar o desenho desejado. Para tramar, ou seja, para produzir o desenho na horizontal, utilizam a batedeira – uma peça de madeira similar à uma régua – carregada de fios que são entrelaçados com o urdume.
A altura do tear é aproximadamente metade do comprimento da rede, porque a tecelagem fará um giro completo no tear até ser finalizada. Para isso, trabalham sentadas, primeiramente no chão forrado com tecidos, e, a medida que o bordado é feito, sentam-se em bancos.
As redes são coloridas e apresentam imagens figurativas da fauna e da flora local, retratando as belezas e riquezas naturais do Mato Grosso. A complexidade de suas tecelagens impressiona pelos desenhos formados na trama, que leva até dois meses para serem finalizada, e é feita em linhas 100% algodão para garantir conforto a quem as usa.
Associada à técnica da tecelagem, é feita a “varanda da rede” em uma técnica similar ao Filé, que é conhecido localmente como “Puça”, em que os fios são armados em laçadas formando uma tela, em um quadro de pregos. Utilizam uma agulha feita de osso de boi, adaptada ao trabalho. A tela armada é bordada com os mesmos motivos das redes, em um padrão quadriculado.
Com a mesma técnica da varanda, desenvolvem xales, toalhas e caminhos de mesa, capas de almofadas, quadros decorativos e algumas roupas. Já as passadeiras são feitas também no tear.
Sobre quem cria
A Tece Arte – Associação das Redeiras de Limpo Grande foi formalizada apenas em 2021, mas tem a força de uma tradição secular. Atualmente formada por 50 mulheres da zona rural de Várzea Grande, no Mato Grosso, trabalham no Centro Cultural localizado no centro da comunidade, onde também oferecem oficinas para repasse das técnicas artesanais. São, até 2023, a única Associação de Mulheres do Mato Grosso a ganhar o prêmio TOP 100 do SEBRAE Nacional.
O trabalho com a tecelagem e o com o puça faz parte das atividades cotidianas dessas mulheres, divididas entre o cuidado das casa e famílias, a agricultura e o artesanato. Cada mulher tem seu tear em casa, apoiado em uma parede, e se dedica a tecer continuamente, por várias semanas a mesma rede, até que esta esteja pronta para ser vendida.
Sobre o território
Limpo Grande é um povoado da zona rural do distrito de Capão Grande, onde habitam aproximadamente 200 famílias, e faz parte do município de Várzea Grande, bem próximo à Cuiabá, capital do Estado.
É nesse povoado, que tem a agricultura familiar como base econômica, que a atividade das redeiras encontra maior expressão no Mato Grosso e colore as casas das, aproximadamente 200 famílias que ali habitam.
A origem das Redes Cuiabanas na região não é definida, mas acredita-se que é fruto da junção dos conhecimentos dos indígenas Guanás, que habitavam a região antes da expansão agrícola do século XIX e utilizavam teares verticais para a produção de seus têxteis, e as influências portuguesas com os ornamentos rebuscados.