Aline Caju
O caju, escolhido para compor seu nome artístico e frequentemente pintado de preto em suas peças, é, para ela, uma metáfora do Nordeste: um ciclo vigoroso de aridez, capaz de matar a flora, e de reflorescimento com a chegada das chuvas.
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Sobre as criações
“Ela, a madeira craibeira, estava morta, e eu dei vida a ela. Quando pego um galho seco e faço um cajueiro, para mim, ele está vivo”
Aline transforma a madeira craibeira trazida pelo rio Ipanema, com uso de facas, facões, lixas, cola, terra, arames e tintas em tons saturados, criando peças que expressam a cultura popular de sua região, em Alagoas.
A assinatura, já bastante reconhecida da artesã, é marcada por Mandacajus, pés de cajueiros, pássaros Xofreus (Corrupião), onças e, mais recentemente, cadeiras. Sua assinatura está na composição estonteante de cores e na tradução dos elementos de seu território, entre o realismo e o seu universo simbólico – além da singularidade presente em cada uma de suas peças.
As formas mais arredondadas e refinadas mesclam técnicas de lixamento para a criação de cajus; técnicas de entalhe, em pedaços únicos, para os pássaros e onças; e técnicas de colagem, que garantem a delicadeza de pétalas de flores e galhos de pés de cajueiros.

O processo de produção, grosso modo, consiste na coleta da madeira, trazida pelas enchentes do rio Ipanema. Com o uso de facas e facões, as peças são esculpidas e passam por um cuidadoso processo de lixamento, que resulta em formas suaves e arredondadas. Para a montagem das peças, a colagem, é feita com a mistura de cola, terra e arame. Por fim, a pintura é feita a quatro mãos: as de Aline e de seu filho caçula, Arnaldo. A composição final das peças mescla enfeites em blocos únicos de madeira e com elementos de colagem, cores, e uma combinação de traços realistas e fantásticos.
Sobre quem cria
“Nunca achei que eu fosse capaz de fazer o que eu faço hoje: pegar um pedaço de madeira que ia virar cinzas e transformar em uma obra de arte”.
A artesã Aline Caju, cujo nome completo é Aline Gonçalves dos Santos, é natural de Belo Monte, no sertão alagoano. Cresceu em uma residência muito próxima aos rios Ipanema e São Francisco, em uma comunidade formada por pescadores, agricultores e pelo mestre Jasson – reconhecido mundialmente por seu trabalho com entalhe e escultura. Filha de pais agricultores, Aline trabalhou no plantio de milho feijão e palma, desde a infância.

O trabalho no campo nunca lhe trouxe realização e isto, somado ao diagnóstico de autismo do filho caçula, fez da mudança do trabalho no campo para o artesanato uma realização pessoal e profissional. Tanto pela possibilidade de se expressar por meio das cores e formas inspiradas na natureza de sua região quanto pela possibilidade de estar mais próxima dos filhos, com os quais tem ensinado e aprendido diariamente.
Em 2021, após um período trabalhando com o primo, o mestre Jasson, Aline seguiu o seu conselho e trabalhou para se aprimorar. Após algumas semanas de imersão criativa, foi com uma árvore que havia morrido em seu quintal e um cabo de vassoura que deu vida ao seu primeiro pé de cajueiro, em 2022.
Sobre o território
Belo Monte está localizado no Sertão do Baixo São Francisco, em Alagoas, às margens do Rio São Francisco. O município também é banhado pelo rio Ipanema e por pequenos riachos. A paisagem típica da caatinga é composta por mandacarus e juremas, plantas resistentes à seca que renascem com a chegada das chuvas.
A pesca artesanal, o trabalho no campo e o artesanato fazem parte do modo de vida local, fortemente ligado aos rios e ao sertão. O nome de Belo Monte teria sido dado por D. Pedro II, impressionado com a paisagem. As principais festas religiosas da cidade são a de Bom Jesus dos Navegantes e a da Padroeira Nossa Senhora do Bom Conselho, celebrada todos os anos no dia 2 de fevereiro.


























