A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Associação dos Artesãos de Santa Luzia do Itanhy


São muitas as fibras trabalhadas pela Associação, entre elas buriti, dendê, capim estrela, taliça de piaçava, ouricuri, junça, junco e talo de coqueiro. Após receberem o devido tratamento, dão origem à peças decorativas e utilitárias, como luminárias, persianas, revestimento de parede, cachepôs, tapetes, dentre muitas outras.

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Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.

Telefone (79) 99858-9670
Contato Alda dos Santos Souza
Rua Francisco Costa – Santa Luzia do Itanhy (Amorzão), CEP 49230-00, Santa Luzia do Itanhy – SE

A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.

Sobre as criações

No encontro do Rio Piauí com o oceano as abundantes palmeiras colorem de verdes a paisagem. São muitas as fibras trabalhadas aqui, entre elas buriti, dendê, capim estrela, taliça de piaçava, ouricuri, junça, junco e talo de coqueiro. O tratamento de cada uma respeita suas características de maneira a deixá-las maleáveis e próprias para a produção artesanal. 

O junco e a junça são espécies que crescem em áreas alagadas. Para garantir que a planta torne a crescer, corta-se o caule na base, não arrancando do solo. Colhidas, as hastes são mantidas em feixe até que comecem a amarelar, momento em que são espalhadas no chão para secarem a sombra. 

Do dendezeiro retira-se o olho, ou seja, a folha mais fechada que nasce no topo da planta. Daí risca-se a palha tirando a o talo mais fino que fica no meio da folha, que deve também secar a sombra. Já a fibra de ouricuri é retirada da palmeira somente no verão, pois a fibra deve secar ao sol. Assim como a fibra do dendê, retira-se as folhas do olho da qual se utiliza o talo central. 

Após preparadas, iniciam a confecção das peças, feitas em trançados manuais e teares. Com primazia produzem luminárias, persianas, revestimento de parede, cachepôs, tapetes, chaveiros etc.  

Associação dos Artesãos de Santa Luzia do Itanhy / Crédito das fotos: Divulgação

Sobre quem cria

Felícia dos Santos Souza já viveu da pesca e da agricultura, mas hoje é artesã, como sempre sonhou. Com os outros três integrantes do grupo, Alda, Marli e José Raimundo, dominam todo o processo produtivo, desde a colheita ao beneficiamento das fibras até a criação das peças. 

A formação e fortalecimento do grupo estão diretamente ligados aos trabalhos realizados pelo Instituto de Pesquisa em Tecnologia e Inovação (IPTI), com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Desde o início o trabalho é coordenado por Renata Piazzalunga, consultora na área de economia criativa. Decorrente da metodologia implementada desde 2008, viu-se necessário criar um canal de comercialização para viabilizar a continuidade da produção. Assim, em 2011 surge a marca Fellicia, cujo nome homenageia a artesã luziense. Coordenada pelas irmãs Renata e Alessandra Piazzalunga, a marca atua no fortalecimento da cadeia produtiva do artesanato.

Nessa parceria de mais de uma década, muito se construiu. Ainda que os conhecimentos relacionados às fibras fossem em certo nível comuns ao local, por suas origens ancestrais, a população desconhecia as técnicas de beneficiamento e fabricação. Segundo Renata, quando realizaram os primeiros levantamentos na região identificando oportunidades locais, a população relatava queimar as fibras, vistas até então como mato sem valor. Através de oficinas, aprenderam diversos conhecimentos, desde a identificação das espécies locais até a gestão do próprio negócio. Com o acompanhamento do designer Kelley White aprenderam a tecer e desenvolveram os principais produtos. 

Para Alda, o mais importante do artesanato é o papel de geração de renda, por isso o ideal é que tivessem mais pedidos, para que mais pessoas da comunidade pudessem estar envolvidas.

Associação dos Artesãos de Santa Luzia do Itanhy / Crédito das fotos: Divulgação

Sobre o território

Santa Luzia do Itanhy é uma das povoações mais antigas do estado do Sergipe. Localiza-se no litoral sul, no estuário do Rio Piauí, a cerca de 86 quilômetros de Aracaju. Sua paisagem é constituída por abundantes rios, mangues e coqueirais.

Em meados do século XVI houve a primeira investida de jesuítas portugueses no território, mesmo período em que a colonização foi reforçada com a cessão de terras pela coroa portuguesa. No século XVII estabeleceu-se o primeiro grande engenho de açúcar, porém somente no XIX a cultura da cana alcançou seu auge e Santa Luzia do Itanhy chegou a ter mais de 60 engenhos. 

Neste período, um terço da população do Sergipe era constituída por escravos e este contexto originou as condições para a formação do território quilombola luziense. O quilombo localiza-se a poucos quilômetros da sede do município e está distribuído em sete povoados: Bode, Pedra D’Água, Taboa, Cajazeiras, Rua da Palha, Pedra Furada, e Crasto. 

Está entre os 50 municípios mais pobres do Brasil e tem como principais fontes de subsistência a agricultura e a pesca. Por isso o artesanato apresenta-se como importante fonte de renda para a população, que através dos trabalhos com as fibras resgatam suas origens e conectam-se com o território. 

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