ASCRON – Associação das Crocheteiras Novarussenses
A ASCRON explora as cores e espessuras das linhas de algodão, tendo como diferencial as peças produzidas em linhas finas com pontos clássicos. Com acabamento primoroso, percebe-se nas peças a experiência de décadas das crocheteiras.
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Sobre as criações
Acredita-se que a arte de entrelaçar fios com auxílio de uma agulha curvada tenha chegado à Europa no início do século XVIII, através das rotas comerciais orientais. Foi amplamente difundida no século XIX quando a francesa Éléonore Riego de la Branchardière publicou livros com padrões que podiam ser facilmente reproduzidos. Da Europa chegou às Américas como a maioria das técnicas têxteis, através das mãos de mulheres que dominavam tais conhecimentos.
Nesses séculos, o crochê entrou tanto em nossas vidas, como uma das técnicas de construção têxtil mais populares, que parece sempre ter existido. Suas mais variadas formas e estilos estruturam-se na combinação de pontos e a cada troca de saberes as possibilidades surpreendem. A composição de cores e padrões é infinita, podendo-se através do crochê criar formas bidimensionais, como toalhas e peças de roupa, e tridimensionais, como bonecos e outros objetos.
A espessura e o material da linha influenciam muito no estilo e resultado do trabalho. A Associação das Crocheteiras Novarussenses explora cores e espessuras das linhas de algodão, tendo como diferencial as peças produzidas em linhas finas com pontos clássicos. Com acabamento primoroso, percebe-se nas peças a experiência de décadas das crocheteiras experientes da ASCRON. Os principais produtos são peças de roupa e peças para casa como toalhas, colchas e cortinas.
Sobre quem cria
A Associação de Crocheteiras Novarussenses foi criada em 1985 em um contexto de grande adversidade. Nesse período a região enfrentava uma forte seca, que castigou a terra e a população que vivia principalmente da produção agrícola. Dessa forma, surgiu a necessidade de estruturar uma outra produção, já muito presente no município: o crochê.
Há gerações, as mulheres de Nova Russas produzem crochê em suas casas, herdando o ofício de suas mães e avós. O trabalho, de caráter rural e doméstico, servia a um mercado local e era pouco valorizado. Considerado isso, buscou-se estruturar a produção para a valorização socioeconômica do crochê em Nova Russas.
Assim nasceu a Associação, com apoio da diocese de Crateús e do Bispo Dom Fragoso, conseguiram regularizar a situação e construir a sede, que até hoje é utilizada. Sempre que necessário, a sede serve como ponto de apoio, onde as mulheres podem passar períodos vivendo no amplo prédio que conta com quartos, cozinha, auditório e loja. Esse suporte proporcionou a formação de muitas mulheres, que deixavam a zona rural para terminarem os estudos na cidade, e podiam viver na Associação e ter na produção de crochê uma fonte de subsistência.
São mais de 50 mulheres associadas, a maioria delas segue trabalhando em suas casas na zona rural da cidade. Na sede é feita a distribuição dos pedidos, acabamento das peças, controle de qualidade e envio para os clientes.
A união das mulheres fortalece não somente a produção artesanal, como também toda convivência social comunitária. Isso porque desde a fundação, a Associação tem um caráter formativo, oferecendo às associadas informações sobre equidade de gênero e autonomia econômica. Integram o Conselho da Mulher, da Assistência Social e do Desenvolvimento Sustentável do município.
Sobre o território
Município situado no oeste do estado do Ceará, na microrregião Sertão de Crateús, dista 300 km da capital Fortaleza. Sua população, de pouco mais de 30 mil habitantes, tem a criação de gado, a agricultura e o crochê como principais fontes de renda.
De clima semi árido, a região encontra-se no conhecido Polígono das Secas, com períodos de chuvas e secas bem definidos. Há séculos instalada na região, a população aprendeu a cultivar a terra e desenvolveu modos de vida respeitando tais ciclos. Porém há momentos em que as grandes secas castigam a terra e, assim, seu cultivo fica por longos meses ou até anos prejudicado.
Foi o que aconteceu na grande seca de 83, que causou injúrias à terra e ao povo, que se viu obrigado a buscar meios de subsistência para além da agricultura. Assim, um ofício já existente na região ganhou predominância como alternativa viável.
O crochê já era produzido há gerações por mulheres em suas casas, porém a organização formal da associação na década de 80 afirmou seu potencial na geração de trabalho e renda. A produção é tão importante para Nova Russas que a feira de sábado virou um ponto de encontro entre crocheteiras e consumidores do mundo todo.
Além do crochê, o cultivo da terra no modelo agroecológico reforça a integração das mulheres com a potência criativa e produtiva do Sertão de Crateús. Nas terras ao sopé da Chapada da Ibiapaba, a experiência dos quintais produtivos, como são chamados os espaços de terra próximos às casas onde as mulheres cultivam espécies variadas para a subsistência da família, garante a segurança alimentar e a biodiversidade da região.