Carmelito Pereira dos Santos 


Gados Nelore, Angus, Jersey, Simental em movimento no campo são representados na forma de miniaturas bovinas pelas mãos de Carmelito. O trabalho com a argila materializa memórias e homenagem ao pai e à vida no campo.

Mostrar contatos

AbrirFechar

Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.

Sítio Santa Luzia, Aparecida de Goiânia – GO

A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.

Sobre as criações

Eu vi o cheiro do boi.; Eu vi cheiro de pasto maduro, crestado, amarelado.; Eu vi chuva, mansa chovendo, chuva fina caindo; Capim nascendo, gramando, repolhando.; Eu vi lameiro de mangueira, repisado.; Cheiro de currais, estercado, mijado.; Cheiro de saúde, fecundo, estimulante. 

(“Evém Boiada” – Coralina, 1990, p. 137) 

Gados Nelore, Angus, Jersey, Simental em movimento no campo são representados na forma de miniaturas bovinas pelas mãos de Carmelito. O trabalho com a argila materializa memórias e homenagem ao pai e à vida no campo.  

Fruto de um olhar apurado, forjado na vivência no campo, o artesão molda no barro não apenas formas, mas o movimento dos animais que observou desde a infância. No início do trabalho com a cerâmica, a primeira queima bem-sucedida lhe provocou uma epifania: a cor e a poeira das peças recém-queimadas o transportaram para a memória de um sonho antigo, em que ele estava diante de uma boiada. A tonalidade da cena onírica era exatamente a mesma das peças que havia acabado de criar.  

Foto de divulgação Artesol

Todo o processo é paciente e rigoroso; a matéria-prima tem um longo tempo de descanso antes de estar pronta para ser modelada, e de criação das peças é totalmente manual, sem maquinário. Para suportar peças altas, finas e delicadas, Carmelito criou técnicas que unem a modelagem de elementos ocos, sem lavragem.  

A espontaneidade dos animais, distante das poses de revistas, é finalizada com a técnica de queima a fogo a lenha. A imprevisibilidade do fogo permite que cada peça revele variações únicas de cores e manchas.  

Sobre quem cria

Carmelito Pereira dos Santos nasceu em Brejolândia, interior da Bahia, região argilosa onde o contato com o barro preenche as memórias de sua infância. Moldar brinquedos de argila foi parte essencial de suas brincadeiras. Sua aptidão para o artesanato foi, em larga medida, transmitida e cultivada no seio familiar: um tio-avô paterno ensinou seu pai a desenhar e pintar cenas da vida rural, prática que encontrou Carmelito ainda menino. Naquele contexto, a arte era um lazer para os momentos em que ele e o pai não estavam ocupados com o trabalho na pecuária.  

Em 1988, já bastante envolvido com as atividades no campo, Carmelito realizou um curso de pintura. Nas lições de luz e sombra, encontrou caminho para representar as paisagens que o cercavam. Por quase uma década, pintou quadros com cenas da vida rural, até que, mudou-se para Aparecida de Goiânia, acreditando que ali sua seria mais valorizada – tanto por ser um território mais urbano quanto pela forte presença da pecuária na região. 

Foto de divulgação Artesol

Em 1998, enquanto ainda atuava com pintura, passou a trabalhar também como letrista e reencontrou a cerâmica como fonte de lazer. A intenção era esculpir uma maquete da fazenda da família nas horas vagas. Entretanto, ao comentar com um cliente sobre essas peças durante uma negociação de um quadro, ele demonstrou tanto interesse que fez uma oferta. A inesperada possibilidade de transformar o lazer em trabalho se revelou concreta. Desde então, passou a se dedicar integralmente à cerâmica. As miniaturas bovinas, em certa medida, permitem a Carmelito um retorno às suas origens.  

O que é tão relevante para ele que os seus planos para o futuro envolvem montar uma escola e ter estrutura para receber turistas e alunos de escola, com o objetivo de proporcionar a experiência de conhecer uma fazenda, com seus elementos tradicionais, como carros de boi e casas de engenho. 

Sobre o território

O relevo de Aparecida de Goiânia é suave, com leves ondulações, característico do Planalto Central Brasileiro. Tornou-se município em 14 de novembro de 1963 e, atualmente, é considerado o maior munícipio do estado de Goiás em população. Embora seu desenvolvimento tenha ocorrido, sobretudo, nas décadas de 1960 e 1970, de forma acelerada e sem um projeto arquitetônico estruturado, é possível identificar resquícios da influência do projeto arquitetônica em estilo art déco da capital, Goiânia. Especialmente em edificações públicas marcas por linhas retas, simétricas e angulares. 

Carmelito Pereira dos Santos é natural de Brejolândia, no interior da Bahia, onde a arte e a pecuária já se entrelaçavam em sua trajetória. Foi, no entanto, com a mudança para Aparecida de Goiânia, no Centro-Oeste, que sua produção artística floresceu. Em meio ao maior polo de pecuária bovina do país, encontrou terreno fértil para consolidar-se como escultor de miniaturas bovinas. Um ofício que traduz, em uma brincadeira com as proporções, a grandeza simbólica de um modo de vida. 

Membros relacionados

Patrocínio
Institucional Master

Realização

Opções de acessibilidade