A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Associação Cerâmica Vargem do Tanque


CunhaSP

O grupo Cerâmica da Vargem do Tanque se destaca pelo resgate da técnica primitiva, com modelagem manual e queima artesanal. Com uma produção de peças utilitárias e decorativas, prezam pelo acabamento primoroso e mantém profunda conexão com o território, que está presente na iconografia das peças e nas tonalidades do barro.

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Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.

Telefone (12) 99656-7744
Contato Marcieli Natali de Siqueira Aparecido
Vargem do Tanque, s/n – Zona Rural, CEP 12530-000, Cunha – SP

A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.

“Tudo é uma raiz, essa memória afetiva, na vida a gente vai e volta nela”.

Marcieli Natali

Sobre as criações

A cidade de Cunha, no Estado de São Paulo, já é muito conhecida pela produção de cerâmica de alta temperatura. O grupo Cerâmica da Vargem do Tanque se destaca pelo resgate da técnica primitiva, com modelagem manual e queima artesanal.

Iniciaram seus trabalhos em 2017, por meio de um projeto executado pelo ICCC – Instituto Cultural da Cerâmica de Cunha, que promoveu a formação de mulheres agricultoras da zona rural da cidade para produção de peças em cerâmica a baixas temperaturas, assim como tradicionalmente faziam as paneleiras de Cunha.

O projeto de valorização da cultura local formou, em sua primeira turma, 20 artesãs e, posteriormente, mais sete, formando também multiplicadores desse saber. O grupo produtivo é constituído por 14 mulheres e 01 homem, que extraem suas argilas do solo de seus sítios e modelam as peças com as mãos.

Crédito da foto: Isabel Franke

Crédito das fotos: Isabel Frankel

Todo processo acontece com ferramentas simples, sem uso de corantes ou esmaltes. As cores variadas vêm das diferentes argilas, da presença de óxidos de ferro na terra e da fumaça da lenha de eucalipto.

A produção das peças leva entre 10 e 20 dias, desde a extração da argila, que é coada e decantada para retirada de impurezas, fica em repouso e depois é cuidadosamente modelada manualmente, gerando formas orgânicas “como o nosso corpo”. Na sequência, passam por acabamentos e aparas, são polidas com pedra quartzo e secam por, pelo menos, 07 dias. A queima é feita em forno primitivo conhecido como “barranco”, ou em um forno pré-colombiano, ambos feitos artesanalmente. A queima em baixa temperatura ocorre, primeiramente, sem contato com o fogo, e depois em contato direto, o que deixa a peça incandescente ao final do processo. Para finalizar, as peças são impermeabilizadas com cera de abelha, também produzida localmente.

Cada artesã tem seu próprio forno e desenvolve suas peças livremente, se especializando em um determinado produto. Mas o grupo também se reúne para produzir encomendas maiores. São feitos copos, canecas, pratos, vasos, moringas, fruteiras, cumbucas e mais uma diversidade de objetos, todos com formas simples, arredondadas e sinuosas.

A nossa inspiração é o nosso lugar, muitas dessas mulheres nunca saíram do município. A gente mora no paraíso mesmo…. Então são as galinhas, os patos, a igreja, a devoção, outras se dedicam aos troncos, as folhas”.

MARCIELI NATALI

Sobre quem cria

Crédito da foto: Isabel Franke

O grupo, formado majoritariamente por mulheres, trabalha na região de Vargem do Tanque, que está a 23 km do centro de Cunha e se orgulha por habitar “um paraíso” rural. São agricultoras, mães, donas de casa, cuidam dos bichos e das plantações. Inserido nessa rotina está o trabalho artesanal com a cerâmica, produzindo e ensinando. Afinal, desde 2019, elas são multiplicadoras desse conhecimento.

Participam de um projeto de roteiro turístico, recebem visitantes na comunidade para mostrar seu modo de vida e para promover o desenvolvimento sustentável do território. Destacam que todos os sítios preservam suas matas ciliares, não extraem argilas da beira do rio e não desmatam porque amam viver ali.

O grupo participa das feiras locais e está em constante capacitação para melhoria de sua produção. Já participaram de exposições, como a AB Casa Fair, Design Week de São Paulo e no Instituto Tomie Ohtake, além de já terem ganhado o Sétimo Prêmio Objeto Brasileiro.

Sobre o território

Crédito da foto: Isabel Franke

Vargem do Tanque é um bairro rural do município de Cunha, que está localizado no Alto Paraíba, cercado de serras, colinas e montanhas. É caracterizado pelas estações bem marcadas, forte produção agropecuária e é também destino de turismo no estado.

Com uma população de aproximadamente 22 mil habitantes distribuídos entre as zonas urbanas e rurais, Cunha tem o título de Capital Nacional da Cerâmica de Alta Temperatura. Na cidade, há uma produção muito diversificada de peças artesanais e artísticas que são comercializadas em todo país e também internacionalmente.

Para tanto, a cidade promove o Festival de Cerâmica e conta com o Instituto Cultural da Cerâmica de Cunha, que promove o ensino das técnicas para adolescentes e adultos.

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