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Sobre as criações
“Desde muito pequena percebi a importância das cores em minha vida, a ponto de colorir pequenos pardais que voavam no meu quintal, achando que eles não cantavam porque eram pardos. Sempre associei colorido a felicidade e acreditava que a mulher que usasse essas peças coloridas seria mais feliz. Então comecei a confeccionar bijuterias e acessórios artesanais e não parei mais”.
Frivolité é uma renda delicada que exige paciência e muita habilidade. É uma tecnica executada com os dedos com o auxílio de um instrumento que se chama navete. Nos anos 1980, Dorian decidiu substituir a linha fina, tradicionalmente usada, pelo cordão encerado. Para isso, precisou confeccionar uma navete diferente da original, com mais espaço interno para que o cordão mais grosso pudesse passar. Para que o marceneiro pudesse compreender o que queria, esculpiu um modelo em um sabonete.
A partir dessa nova navete, Dorian passou a ter uma diversidade grande de cores para trabalhar e começou a confeccionar diferentes peças, como flores e bijuterias.
Sobre quem cria
“Numa casa simples, limpinha e bem ventilada, sentada junto a uma janela baixinha, num banco de madeira, passava longas horas do dia fazendo caminhos de mesa em frivolité. Foi lá nesse mesmo banquinho que só cabia eu e ela, que aprendi a fazer essa arte com apenas 8 anos de idade. Momento mágico que nunca esqueci”.
Maria das Dôres de Almeida nasceu em 1960, em Conceição do Coité, região nordeste da Bahia. Na zona rural do município, em um sítio que sempre lhe suscita lembranças mágicas, Dorian, como é conhecida, aprendeu a brincar de rendar com uma mestra muito especial: sua avó Lídia Rosa de Almeida, a maior artesã que conheceu em sua vida.
Sua avó fazia macramê, renda de bilro, cerâmica, trançado. Vez ou outra ia para São Paulo visitar os filhos que haviam se mudado para a cidade grande e foi em uma dessas viagens que aprendeu a renda frivolité. Tão apaixonada ficou pela técnica, que se dedicou a ela até os seus 96 anos de idade. Dorian, com 9 anos na época em que sua avó começou a se dedicar exclusivamente ao frivolité, insistiu muito para que lhe ensinasse, e assim se tornaram grandes parceiras. Antes de falecer, Lídia deixou todos os seus materiais de trabalho para a neta, sua herdeira artesã.
Por volta dos 27 anos se mudou para Salvador, com o objetivo de estudar, o que não conseguiu concretizar, pela necessidade de trabalhar. Apenas alguns anos mais tarde, começou a comercializar as peças em frivolité que fazia e a dar aulas da técnica.
Sobre o território
Salvador, ou “São Salvador da Bahia de Todos os Santos”, como foi nomeada no momento de sua fundação, em 1549, foi sede do Governo Geral até o ano de 1763. Salvador é considerada a cidade mais negra do mundo fora do continente africano, sendo mais de 80% da população afrodescendente.
É uma cidade histórica fortemente marcada por tradições populares, como as festas afro-religiosas. O artesanato em todo o estado da Bahia traz em si os complexos processos de troca cultural. Em especial a cerâmica produzida em diferentes partes do estado carrega na base de seu saber fazer as heranças indígenas que se perpetuaram nas trocas com os negros que lutavam por sua liberdade, e, mais tarde, os negros libertos após o fim da escravidão.