A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Grupo Araucária


O grupo inspira-se das araucárias que compõe sua paisagem e trabalham, além da tecelagem, com feltragem, bordado, tricô e couro. Produzem sofisticados itens de decoração, além de peças para uso pessoal e para casa.

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Sobre as criações

Não aprofundes o teu tédio.
Não te entregues à mágoa vã.
O próprio tempo é o bom remédio:
Bebe a delícia da manhã.

A névoa errante se enovela
Na folhagem das araucárias.
Há um suave encanto nela
Que enleia as almas solitárias…

Fragmento de À sombra das Araucárias, de Manuel Bandeira.

A forte presença da criação de ovelhas na região e a tradição da tecelagem são o grande incentivo para a produção artesanal do grupo que desenvolve produtos em lã. Além da lã, trabalham com a araucária, abundate nas florestas nativas da região, usada como matéria-prima e também como inspiração nos processos criativos. Além da tecelagem, o grupo trabalha também com feltragem, bordado, tricô e couro e produzem almofadas, mantas, cachecóis, bijuterias, quadros, chaveiros, bolsas, carteiras, panos de prato, entre outros.

Em 2023 o grupo passou pelo Laboratório de Inovação Artesanal, o LAB da Artesol. Em parceria com o design Érico Gondin, desenvolveu a coleção Fractais inspirada pela fauna e flora da região, sobretudo pelos líquens, musgos que crescem nas cascas das árvores.

Sobre quem cria

O Grupo teve inicio em 2008 com acompanhamento do Sebrae do Rio Grande do Sul tendo como foco o trabalho com a lã natural de ovelha. Como se trata de uma matéria-prima central para o artesanato local, o grupo busca estimular a criação de ovinos nos Campos de Cima da Serra. As cerca de 20 artesãs esquilam, lavam, cardam, fiam, tecem e feltram a lã, se conectando, assim, com as artes têxteis tradicionais da cultura gaúcha. O desenvolvimento da coleção inicial aconteceu em Julho de 2009 e teve como designer responsável Renato Imbroisi. O estímulo ao artesanato constitui também uma estratégia para proporcionar às mulheres que vivem no campo maiores possibilidades de satisfação pessoal e geração de renda. O grupo Araucária é composto por artesãs dos municípios de Bom Jesus, São Francisco de Paula, Lajeado Grande, Vacaria, Esmeralda, Cambará do Sul e Jaquirana.

Grupo Araucária / Crédito das fotos: 1, 3 e 4 – Danilo Siqueira. Fotos 2, 4, 5, 6, 7 e 8 – Renata Mendes.

Sobre o território

Campos de Cima da Serra, também conhecida como Campos de Vacária e ainda Aparados da Serra, é uma região localizada no extremo nordeste do Rio Grande do Sul na divisa com Santa Catarina. Sua formação é de planalto, com altitudes que variam entre 900 e 1200 metros, sulcado por cortes abruptos nas rochas vulcânicas que formam grandes depressões, os famosos canyons, com a presença de cursos d’água. Com uma paisagem impressionante por sua magnitude, o nome “Aparados” faz referência às paredes dos canyons que parecem ter sido esculpidas à faca. A vegetação predominante é a de campo, com a presença de áreas de florestas nativas de araucárias. A região abarca duas Áreas de Conservação, o Parque Nacional de Aparados da Serra e o Parque Nacional da Serra Geral.

A impressionante paisagem dos Campos de Cima da Serra é um grande atrativo para o turismo que se tornou importante atividade econômica dos municípios do nordeste gaúcho. Também a agricultura, a pecuária e a ovinocultura que seguem presentes desde a colonização europeia, com a instalação dos tropeiros e bandeirantes, principalmente. A maioria dos que ali chegaram foram atraídos pelo gado deixado pelos jesuítas, no século XVII.

No período de ocupação, muitas sesmarias foram doadas pelo governo colonial, como estratégia de proteção contra a ambição espanhola. Essa medida, entretanto, desconsiderava a presença das etnias inígenas, principalmente Xokleng e Kaingang, povos do grupo Jê Meridional, conhecidos, também, como Botocudos e Coroados, que resistiram à invasão colonizadora, sendo praticamente dizimados ao longo dos conflitos. Mais tarde, no século XVIII, a região foi ocupada pelos imigrantes que vinham principalmente da Itália e Alemanha.

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