A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Marcos de Sertânia


Marcos Paulo Lau da Costa é um dos importantes escultores em madeira de Sertânia, sertão pernambucano. A ponto de ter se tornado conhecido por Marcos de Sertânia. Sua obra-personagem mais célebre é a cachorra Baleia, obra “nascida” pelas mãos de outro gênio, Graciliano Ramos no livro “Vidas Secas” (1938).

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Sertânia – PE

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Sobre as criações

Marcos Paulo Lau da Costa é um dos importantes escultores em madeira de Sertânia, sertão pernambucano. A ponto de ter se tornado conhecido por Marcos de Sertânia. E ainda mais pela sua obra-personagem mais célebre: a cachorra Baleia, obra “nascida” pelas mãos de outro gênio, Graciliano Ramos no livro “Vidas Secas” (1938). Com um trabalho marcado pela dramaticidade, Marcos expõe, através da madeira, a angústia provocada pela seca nos corpos de personagens severamente magros, descarnados, pronunciando o sofrimento e a desolação do sertão. “Vivi tudo isso aí que coloco no meu trabalho”.

Sobre quem cria

Foto de divulgação Artesol

Menino do sítio, aproximou-se da arte nas frequentes visitas à casa do avô e tios quando ia à cidade. Por volta dos 12 anos. A arte de esculpir a madeira para a produção e venda de pequenas esculturas e utensílios domésticos era tradição familiar. Da investigação curiosa das ferramentas foi se dando o aprendizado. “Ninguém tinha tempo para ensinar”. Assim, Marcos ia fazendo tentativas de reproduzir o que os mais velhos faziam: a figura do boi, da vaca, carro de boi carregado de lenha, de água, coisas que testemunhavam lá no sertão. Mas tudo saía mais “acumpridado”. Ouvia deles que estava errado. Mas seguiu esculpindo. E apropriou-se de sua identidade que aos poucos foi apresentando ao mundo: na escola, depois em Recife, onde passou a expor em uma feira, apresentar em lojas e galerias.

E foi assim que sua consagrada peça começou a ganhar o mundo: “As pessoas passaram a encomendar apenas o cachorro porque achavam uma peça bonita ou tinham e gostavam de cães”. Daí pra frente nunca mais parou. Suas peças estão espalhadas em coleções particulares pelo Brasil e exterior e já foram comparadas a Portinari e ao artista plástico e escultor italiano Amedeo Modigliani. Foi reconhecido mestre artesão pelo Governo do Estado de Pernambuco em 2011. Confessa que convive com certo sentimento de aprisionamento. Mas pensa que há tempo pra tudo na vida e vai ter um momento que poderá se dedicar à novas criações reivindicadas pelo seu fértil imaginário. 

Hoje cria oportunidade de trabalho e renda para dez pessoas próximas e cerca de cinco artesãos independentes que o ajudam e, simultaneamente, desenvolvem sua própria arte. Isso inclui dois tios que, lá no início, foram sua inspiração. Ainda três primos, um filho e quatro vizinhos. Sabe que gerar renda pra quem não tem oportunidade, em uma cidade no sertão, é valioso. 

Sobre o território

Sertânia na etimologia significa sertão. Refere-se a uma região afastada dos centros urbanos ou litoral, “distante ou com pouca civilização”. Em sentido estrito, o termo costuma ser usado para se referir à região semiárida da região nordeste do Brasil. Lá mesmo neste sertão de Sertânia, junto a sua casa, reservou uma área onde funciona sua oficina. Mesmo sertão que lhe oferece a matéria-prima “imaterial” que nutre sua arte e inunda de abundância e fertilidade um território ora conhecido apenas pela seca e pela escassez.

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