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Sobre as criações
Mestre Gerard cria esculturas de santos católicos e orixás, ricamente ornamentadas e com vestes volumosas, de acordo com a tradição barroca. Com uma paleta de cores bem definida e suave, as esculturas são majestosas, independentemente do tamanho.
O barro claro, retirado do rio Grande, é decorado ou “bordado”, como dizem os ceramistas da região, com toás e tabatingas. Os toás são argilas amarelas que dão tons avermelhados após a queima, enquanto as tabatingas são brancas.
Inspirado pelas histórias que ouvia quando era criança, de que os escravizados cultuavam os orixás usando santos católicos, Mestre Gerard decidiu unir as duas imagens em uma só. Essas peças de sincretismo misturam as vestes de Nossa Senhora das Candeias com as de Iemanjá, a imponência de Oxóssi com a bravura de São Jorge. E também unem as duas fés do mestre: a católica, de criação, e o candomblé, de iniciação.
Sobre quem cria
José Geraldo Machado da Silva ganhou o apelido Gerard dos amigos quando era criança, gostou tanto que o adotou como nome artístico. Quando tinha 11 anos, sonhou que via uma imagem de Bom Jesus na gruta da Lapa. Mas uma imagem viva, que conversava com ele. Gostou tanto dela que quis uma para si.
Arranjou um pedaço de madeira umburana e com uma faca da cozinha de sua mãe, fez a primeira escultura. A segunda foi uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, mas dessa vez modelada no barro. Autodidata, produzia apenas imagens de santos católicos até ser iniciado no candomblé, quando começou a produzir também imagens de orixás.
Em sua casa, que fica próxima ao rio Grande, possui um ateliê onde trabalha com mais oito artesãos, que foram seus aprendizes. Um deles é Elson Alves dos Santos, que está com o mestre desde 1994.
Mestre Gerard dá aulas para quem quiser aprender, sem cobrar nada: “Dou de graça aquilo que de graça recebi de Deus”. Além do ateliê, sua casa também abriga o terreiro Pai Xangô das Cachoeiras, onde é o babalorixá.
Sobre o território
O munícipio de Barra fica no centro-oeste do estado da Bahia e está localizado na barra onde o rio Grande deságua no rio São Francisco. Essa característica geológica é um dos fatores que permitiu o desenvolvimento da atividade oleira do munícipio, que existe há pelo menos 150 anos. Com o barro claro e o tauá retirados das margens do rio Grande e as tabatingas encontradas nas margens do rio São Francisco, as paneleiras obtém a tradicional paleta de cores das louças.
Durante a colonização, a região foi inicialmente ocupada para a criação de gado. No final do século XIX e início do século XX, Barra foi um importante centro comercial, passavam pelo porto da cidade vapores e gaiolas que percorriam a bacia do São Francisco carregando a produção do estado da Bahia e parte das produções do Piauí, Goiás e Maranhão.
Nessa época, as ceramistas de Barra produziam grandes quantidades de louças, que eram comercializadas com os barqueiros que ali aportavam. Com a construção de vias terrestres e a diminuição da navegação no rio São Francisco, a produção oleira da cidade sofreu forte declínio, até ser revitalizada na década de 1970.