Quilombolas de São Lourenço
O artesanato produzido pelas artesãs e marisqueiras no Quilombo de São Lourenço carrega, na contemporaneidade das cores e formas, as histórias e registros da cultura local. Nas linhas coloridas dão pontos a formarem redes, similares às tradicionais usadas na pesca artesanal, porém atualizadas em suas formas e usos nos acessórios.
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Sobre as criações
O artesanato produzido pelas artesãs e marisqueiras no Quilombo de São Lourenço carrega, na contemporaneidade das cores e formas, as histórias e registros da cultura local. Nas linhas coloridas dão pontos a formarem redes, similares às tradicionais usadas na pesca artesanal, porém atualizadas em suas formas e usos nos acessórios.
As conchas, material abundante em uma comunidade ribeirinha de marisqueiras, são utilizadas na decoração, finalização e enriquecimento das peças. É assim que reconhecem e registram a beleza do cotidiano, perpetuando a profunda relação que cada uma tem com o ambiente e com a história do lugar.
Sobre quem cria
A mobilização e luta das mulheres constitui a história do Quilombo São Lourenço, e dessa união formou-se o grupo de mulheres que contam através do artesanato sua relação com o meio e com a cultura local. Todas registradas como marisqueiras, encontraram no artesanato fonte complementar de renda e formas de representarem a vivência cotidiana, através de linhas e cores. Os pontos dados, inspirados na tradicional rede de pesca, enlaçam conchas dos mariscos coletados por elas. Assim, as pilhas de conchas ganham outros destinos, novos olhares.
A fundação do grupo, em 2011, contou com apoio do Laboratório O Imaginário, do departamento de Design da Universidade Federal de Pernambuco, com o designer Ticiano Arraes, prefeitura de Goiana e Agência de Estudos e Restauro do Patrimônio (Aerpa). Essas parcerias fortalecem o grupo e auxiliam no direcionamento das ações necessárias para o desenvolvimento dos produtos e alcance de um mercado justo.
Sobre o território
O reconhecimento do território e da comunidade como quilombola é recente, com registro junto à Fundação Cultural Palmares em 2005. O processo passou pela identificação da cultura herdada e gravada nos gestos cotidianos. A consciência sobre costumes, antes despercebidos, passou a direcionar ações e mobilização política. Isso porque, com o silenciamento sistêmico de nossas culturas fundantes, há na naturalização dos saberes a negação de suas origens. Por isso é importante reconhecer que nas expressões culturais mais corriqueiras para quem as vivencia, como o coco de roda ou na culinária tradicional com pratos como a moqueca de palha, com mariscos assados na palha do coqueiro, e o pixaim, espécie de bolo de côco, encontram-se traços de uma cultura ancestral de matriz africana.
A comunidade começou a se formar no século XIX e conta hoje com aproximadamente 300 famílias, que vivem num território a cerca de 66 km da capital Recife, no distrito de Tejucupapo, município de Goiana, Pernambuco, entre a zona da mata e o litoral.
O protagonismo feminino é conhecido em São Lourenço, com mulheres fortes que tomam frente em marcantes episódios históricos, organizando-se socialmente e lutando pelo direito de todos.
A principal fonte de renda dos habitantes está fundamentada na pesca artesanal, feita pelos homens, e coleta de mariscos pelas mulheres. Todos vivendo das riquezas provenientes do encontro das águas salobras do Rio Goiana com o mar.
A importância da Igreja de São Lourenço de Tejucupapo, das mais antigas do país fundada em 1555, e do padroeiro da cidade, São Lourenço Mártir, é relembrada todos os meses de agosto. As celebrações católicas culminam na tradicional Procissão das Lenhas que ocorre nos dias 10 de agosto. A comemoração une a comunidade e renova laços essenciais.