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Sobre as criações
Os jequis e manzuás, tradicionais armadilhas de pesca utilizadas na região, foram inspiração para as produções artesanais contemporâneas de Cachoeira do Edgar, município baiano de Esplanada. De origem indígena, o conhecimento ancestral dos trançados foi atualizado e hoje gera trabalho e renda para o grupo de mulheres que tem como principais inspirações a natureza e suas próprias raízes.
A preparação do cipó, que é coletado, raspado e seco, leva uma média de três dias; o material serve como base e estrutura para o trançado ornado com tranças de palha de piaçava coloridas com anilina, que até então eram muito utilizadas na confecção de bolsas e cestos. Com junção de duas tradições locais distintas – o cipó tramado e a piaçava trançada – criaram produtos muito atrativos que apontaram para novas oportunidades de mercado. Hoje produzem cestos, luminárias, e estão sempre inovando em peças que já foram destaque em revistas de decoração de relevância nacional, como a Casa Claudia e Casa e Jardim.
Sobre quem cria
As dez artesãs que trabalham juntas desde a fundação do grupo, em 2017, tiveram projetos financiados com apoio da Ferbasa e assessoria do Sebrae nos setores de design, gestão e vendas.
Em mais de uma década de trabalho, a produção mudou a realidade das mulheres associadas, que através da renda gerada tiveram maior autonomia e puderam sonhar mais alto. Segundo Marluce, atual presidente da associação, com a renda do artesanato, sustentaram os filhos, cuidaram da casa, aprenderam que era possível construir um mundo mais justo e colorido.
Sobre o território
A cerca de 150 km ao norte de Salvador encontra-se o município de Esplanada, ao qual pertence a comunidade rural de Cachoeira do Edgar. A história da comunidade está fundada em uma grande história de amor, a de Maria e Edgar. Os dois jovens conheceram-se em uma roda de samba, comum no interior baiano. Com a paixão crescente e a impossibilidade de união perante as famílias, os dois fugiram juntos e instalaram-se na localidade. Criando 13 filhos, viram a comunidade crescer também com a chegada de familiares e agregados. Contam que o trançado de piaçava foi o primeiro ofício aprendido por Maria, cuja venda das peças garantia alguma renda para a família, que vivia, além disso, da pesca e da lavoura. As mulheres do grupo Trançado das Marias resgatam essa história, valorizando os conhecimentos herdados e nomeando a associação em homenagem à primeira Maria.