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Sobre as criações
O buriti, de nome científico Mauritia Flexuosa, é encontrado com abundância no estado do Maranhão assim como em outros estados do nordeste, estando presente também nas regiões norte, centro-oeste e no norte de Minas Gerais.
A planta cresce em locais alagadiços, como brejos e margens de rios, formando os buritizais. Cada buritizeiro tem crescimento lento e pode chegar a 35 metros de altura, possuindo folhas em formato de leque e frutos em formatos de pequenos cocos.
Do pé do buriti tudo se aproveita: da polpa, são extraídos os óleos, bebidas e alimentos. Das folhas se fazem coberturas naturais das casas, elas também são a matéria-prima para as artesãs da Cooperativa Mulheres Trançando Arte – Ateliê Sitinho Trançando Arte.
A fibra do buriti lhes possibilita criar condições de trabalho e renda para si e para suas famílias. Com o buriti elas fortalecem seus laços culturais, uma vez que o trançado do buriti é um símbolo do estado. Elas o fazem de maneira própria, criam e recriam a técnica do trançado com primor e cuidado que lhes são únicos, o que se destaca em seus produtos. Produzem bolsas, estojos, necessaires, porta-moedas e chaveiros.
Para produzir, se dividem em setores: as trancistas, as montadoras e as que realizam o acabamento das peças. Começam trançando a fibra do buriti já seca em braçadas de até 1,5 metros. O segredo do seu trançado está na atenção às tranças, que são muito bem-feitas. A partir das tranças, constroem e costuram as bolsas, que contam com mais de 11 modelos diferentes. Após finalizadas, elas passam pelo controle de qualidade e recebem os toques finais e a logo da marca Sitinho.
Sobre quem cria
A cooperativa é formada por mais de quinze mulheres que moram na Vila Maranhão, na comunidade Sitinho, um bairro rural próximo a São Luís. Se reúnem no ateliê às tardes, diariamente, para trabalhar, dividir pedidos e entregar encomendas.
A organização é fruto do apoio e assistência da organização NAVE, que com a parceria da VALE, atua como incubadora de negócios sociais de mulheres no Maranhão. Em 2018 iniciaram formações em associativismo, o grupo então formado queria trabalhar com culinária até conhecerem o trançado com a fibra do buriti. As mulheres se apaixonaram pelas peças, quiserem produzi-las elas mesmas. Iniciaram então a jornada de formações oferecidas pela NAVE, passando por oficinas práticas, sobre como processar e trançar a fibra do buriti, produção de coleção e protótipo, até ensinamentos sobre associativismo, feminismo, gestão de cooperativa, comunicação em redes sociais. Atualmente estão na segunda fase, etapa 3 do projeto de Rede de Mulheres Artesãs e Empreendedoras do Maranhão.
Ao longo dos anos, firmaram parcerias que revendem suas bolsas, são assíduas na feira São Luís na praça Benedito Leite, centro histórico de São Luís. Participam de eventos, fazem parcerias, estão continuamente aprendendo, se empenham em produzir mais, melhor e inovar. As mulheres seguem trançando suas vidas à arte, ao senso de comunidade e a perspectivas de um futuro melhor.
Sobre o território
São Luís é capital do estado do Maranhão, localizado na região Nordeste, com privilegiado acesso ao oceano Atlântico. Território de cultura riquíssima, as heranças dos povos indígenas, europeus e africanos que constituíram a localidade é impressa em suas expressões. Festas populares como o carnaval de rua, o tradicional bumba meu boi, danças como tambor de crioula e cacuriá registram e relembram as origens da população.
Parte dessa tradição se registra na Vila Maranhão, um dos bairros rurais mais antigos da capital, que fica a 20 quilômetros do centro histórico. Tem a segunda igreja mais antiga de São Luís, a Igreja de São Joaquim do Bacanga, concluída em 1863, com estrutura de pedra, cal e óleo de mamona. A população de Sitinho, um dos pólos da Vila Maranhão, mantém uma forte relação afetiva com a sua igreja matriz até os dias de hoje.
Sendo a única cidade brasileira fundada por franceses e tendo sido ocupada também por holandeses e portugueses, tem parte de sua história conservada nos mais de 3.500 prédios do centro histórico. Tal fato fez com que a área fosse declarada patrimônio cultural da humanidade pela Unesco no ano de 1997.
Toda essa riqueza histórica e cultural constituiu-se em um cenário de praias paradisíacas. A capital foi batizada pelos índios Tremembés no início do século XVII com o nome “Upaon-Açu”, que em Tupi-Guarani significa “Ilha Grande”. De lá pra cá, nas letras de escritores e poetas, a ilha recebeu diversos apelidos como Ilha Rebelde, Ilha Magnética, Ilha do Amor e dos Poetas.