Artesanato Belas Artes
Os coqueirais que compõem a bela paisagem de Porto de Pedras são fonte da matéria prima utilizada pelas artesãs na criação de suas peças.
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Sobre as criações
Os coqueirais que compõem a bela paisagem de Porto de Pedras são fonte da matéria prima utilizada pelas artesãs na criação de suas peças. A colheita é realizada por um grupo de mulheres responsáveis pela aquisição e beneficiamento da matéria prima. Do centro das folhas os talos são retirados finos, postos para secar e preparados para o tecer.
O tear horizontal utilizado é de origem indígena, espécie de quadro de madeira com pés em formato de cavaletes. Como ferramentas para o tecer, que é feito na junção da fibra com linhas de algodão, utilizando os chamados bilros como suporte para a reserva dessas linhas. Desse tecer temos a esteira, que é a base para todos os produtos que criam, desde sousplat à abajures.
Com olhar atento, Laudinete, hoje presidente da associação, percebeu na técnica ancestral uma possibilidade de geração de renda. Assim aprendeu o ofício com dona Véia, como é conhecida a única senhora que ainda trabalhava com o tear na localidade, e seguiu com a produção inovando e repassando para todas que têm interesse em integrar o grupo. Para além de importante fonte de renda, o trabalho com talo do coqueiro é uma forma de resgate, valorização cultural e preservação ambiental.
Sobre quem cria
Foi no ano de 2007, ao mudar-se do povoado Curtume para o povoado Tatuamunha, que Laudinete achou por bem formar um grupo iniciado com suas primas Adriana e Ariana para trabalharem com a técnica que ela havia aprendido com dona Véia, anos antes em Curtume. No início, tinham dificuldades até para conseguirem comprar os outros materiais necessários para a produção, como arames e linhas. Além disso, era difícil alcançar um mercado justo e interessado, porque o paradisíaco cenário de Porto de Pedras ainda era pouco reconhecido como destino turístico. Ainda assim, prosseguiram acreditando no potencial do trabalho e aos poucos o grupo foi crescendo e sendo reconhecido.
Em 2016 passaram a ter apoio do Sebrae com consultoria em design, precificação, embalagem e venda e foi aí que o grupo estruturou-se e inovou na variedade e usos dos produtos que hoje são encontrados decorando pousadas e restaurantes da região. A Associação Artesanato Belas Artes conta atualmente com 10 mulheres focadas no manejo sustentável do talo do coqueiro e na produção de peças com design inovador.
Sobre o território
A pouco mais de 100 km da capital do estado de Alagoas, entre uma larga encosta de pedras e o mar, está localizado Porto de Pedras, que recebe este nome ainda no século XIX por conta de sua paisagem.
No século XVI a colonização portuguesa contribuiu para a formação do povoado, organizando em torno da sede da missão franciscana na chamada “Alagoas Boreal”. Local de importante acesso ao mar, o movimentado porto foi palco de inúmeras disputas especialmente no século XVII quando a população participou do movimento contra a ocupação holandesa.
Rica em história e biodiversidade, Porto de Pedras é um lugar pacato de praias paradisíacas como a de Patacho e Tatuamunha. Sua população vive principalmente de atividades ligadas à pesca e ao turismo.
O turismo, fomentado principalmente a partir da primeira década do ano 2000, é importante para a geração de emprego e renda do município. Além das praias, a atenção volta-se ao Peixe Boi, astro de Porto de Pedras.
No ano de 1980 foi desenvolvido pelo CMA (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos) vinculado ao ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) o Projeto Peixe-Boi, dedicado à pesquisa, resgate, recuperação e devolução do peixe-boi à natureza. A Associação Peixe Boi promove visitações ao santuário que abriga os animais à beira do Rio Tatuamunha.