A Rede Artesol - Artesanato do Brasil é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Casa do Figureiro Maria da Conceição Frutuoso


A cultura, a religiosidade popular e as referências tradicionais da vida rural estão fortemente presentes nas peças produzidas a partir da modelagem da argila. Com forte referências às raízes rurais das artesãs, as figureiras recriam no barro figuras e cenas do dia a dia e do imaginário, como animais, festas populares, santos, entre outras peças.

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Contato Elisabete Silva de Faria
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Sobre as criações

“Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira – mas já tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum”.


FRAGMENTO DO LIVRO MUNDO DA LUA, DE MONTEIRO LOBATO

Colher o barro dos rios e moldá-lo com as mãos é uma prática herdada de inúmeras etnias indígenas. A união desse saber com a religiosidade popular deu origem à tradição das figureiras de Taubaté. Os Frades da Ordem de São Francisco, que chegaram na cidade em 1674, incentivaram a tradição do presépio que mais tarde seria montado pelos próprios moradores com as peças das figureiras. 

A cultura, a religiosidade popular e as referências tradicionais da vida rural estão fortemente presentes nas peças produzidas a partir da modelagem da argila. Como a maior parte das artesãs vinha de uma população rural que havia migrado para a cidade, seu fazer também simbolizava uma busca por suas próprias raízes rurais. Hoje, as figureiras recriam no barro figuras e cenas do dia a dia e do imaginário, como animais, festas populares, santos, entre outras peças. O pavão é figura bastante tradicional na arte figurativa local e se tornou símbolo cultural de Taubaté, promovido pelas próprias figureiras. Mais tarde foi escolhido, em concurso promovido pela SUTACO – Secretaria do Trabalho Artesanal nas Comunidades, como símbolo do Artesanato Paulista.

Sobre quem cria

A Casa do Figureiro Maria da Conceição Frutuoso Barbosa foi inaugurada em 1993. Seu nome é uma homenagem à religiosa que restaurou uma  imagem de Nossa Senhora da Conceição que se encontrava quebrada no Convento de Santa Clara. Além de restaurar a imagem, Maria da Conceição Frutuoso Barbosa intercedeu pela construção de uma capela para abrigá-la. A santa dá nome à rua Imaculada Conceição, localidade que tradicionalmente viviam os figureiros na cidade de Taubaté.

Os figureiros são conhecidos em países do mundo inteiro, tendo como trabalhos mais famosos “a chuva de pássaros” e o pavão, símbolos do artesanato paulista. A Casa do Figureiro funciona como exposição e ponta de venda permanente, além de oferecer demonstrações e oficinas para adultos e crianças no mês de agosto, nas comemorações do Dia do Folclore.

Foto de divulgação Artesol

Fotos de divulgação Artesol

Sobre o território

Pertencente ao Vale do Paraíba, Taubaté é uma cidade cujo nome tem origem indígena, derivando das palavras taba, que significa aldeia, ou ainda tauá, barro, e eté, legítima, ou verdadeira. O nome Taubaté, assim, comunica dois sentidos: aldeia verdadeira e barro verdadeiro. Apesar do nome do município fazer referência às heranças indígenas, não se sabe muito sobre os grupos étnicos que viviam na região do Vale do Paraíba. Os poucos registros históricos e relatos confirmam a presença dos Puris, Tamoios e Guaianás.

A partir de 1640, com a expulsão dos jesuítas da Capitania, os colonos paulistas começaram a adentrar o interior com grandes bandeiras e aprisionaram, escravizaram e devastaram muitas aldeias indígenas. Nesse contexto, foram fundadas as novas vilas, como Taubaté, Guaratinguetá e Jacareí, dando início a um dos mais importantes núcleos urbanos do estado de São Paulo. Taubaté tem um papel central na construção da economia brasileira e da política nacional. Sua formação foi estratégica para a exploração em direção a Minas Gerais na busca pelo ouro, se estabelecendo mais tarde como um núcleo de abastecimento das regiões de minas e de fundição de ouro. No ciclo do café, Taubaté também foi uma importante produtora do grão, além de centro comercial. Depois dos ciclos do ouro e do café, foi a vez da cidade receber, no século XIX, o título de centro industrial.

Ainda antes da instalação da Vila de Taubaté, muitas famílias se dirigiram para o vale do Paraíba e tinham o costume de se instalar sempre no entorno de uma capela dedicada a seus padroeiros familiares. No ciclo do café, as estruturas do campo se modificaram, com o estabelecimento de grandes propriedades e a expulsão dos pequenos agricultores que não tiveram outra opção que se dirigir para as vilas. Essas famílias levaram consigo seus santos, sua fé, suas festas e romarias que, ainda hoje, resistem às tantas mudanças culturais que vieram mais tarde com os processos de industrialização e modernização das cidades.

Na época das expedições, pouco depois das novas vilas serem fundadas, os franciscanos apareceram para acompanhar as bandeiras que adentravam o sertão. A sua presença deixou fortes influências na cultura local, principalmente na religiosidade popular, mas não só. Seu conhecimento acerca das artes e ofícios, como a carpintaria, marcenaria e escultura também deixaram marcas importantes. Foi a partir da escultura, unida ao saber da cerâmica, que teve início uma das mais antigas tradições artísticas da cidade. Conta-se que, quando os frades franciscanos introduziram na cidade o culto ao presépio, atribuído a São Francisco de Assis, os moradores da cidade que não tinham recursos para comprar as peças vindas da Europa aprenderam com os frades a produzir suas próprias figuras.

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