A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Mestre Cunha


Mestre Cunha produz apenas peças únicas. Está sendo hoje considerado um dos artistas mais inventivos e criativos do Brasil.

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Jaboatão Dos Guararapes – PE

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Sobre as criações

José Francisco da Cunha Filho, o Mestre Cunha, “Dali brasileiro”, como certa vez lhe chamou Carlos Augusto Lira, importante colecionador de arte popular, produz apenas peças únicas. E por serem únicas, recebem nome, afinal possuem identidade própria. Por isso, não concorda quando dizem que suas peças são brinquedos artesanais. 

Para batizá-las, às vezes busca na internet palavras e escolhe a que gosta mais, ou simplesmente inventa uma palavra e verifica se já existe, ou não. A maior parte das vezes descobre que não existiam mesmo, até aquele momento. Macau, camelauro, teupai, parampalho são alguns exemplos de nomes criados por Cunha.

As esculturas em madeira de Cunha misturam máquinas, animais e formas humanas. Pássaros-aviões, seres que são animais tratores, seres metade humano, metade pássaro são apenas alguns exemplos da imensa variedade de criações de Cunha. Depois de entalhadas, mestre Cunha deixa cada peça bem colorida, assim como é o seu universo.

Foto de divulgação Artesol

Fotos de divulgação Artesol

Sobre quem cria

Mestre Cunha, nascido José Francisco da Cunha Filho (1951), é uma daquelas pessoas que sonham e criam através dos sonhos. Pernambucano, nasceu no Engenho Benfica, município de Ipojuca, Região Metropolitana de Recife. Uma de suas brincadeiras favoritas, quando criança, era fazer um trator com o miolo da bananeira. Cortava o miolo em rodelas, para fazer as rodas e o corpo do trator fazia com a própria banana. A banana, no entanto, por ser perecível, logo murchava, acabando com a brincadeira. Foi então que mestre Cunha pensou em fazer o trator utilizando madeira.

A arte e o artesanato, no entanto, não chegaram logo em sua jornada. Mestre Cunha passou antes por muitas atividades, começando pelo corte de cana-de-açúcar, junto ao pai. Depois disso atuou em construção civil, foi cobrador de ônibus, feirante, camelô, vendedor de doces e vigia noturno. Até que ao completar 39 anos se viu desempregado e com dificuldades de encontrar novas oportunidades.

Foi então que o sonho de criança de ser artista floresceu novamente em seu coração. Em seus sonhos encontrou inspiração e suas mãos, há tanto tempo sedentas por criação, se colocaram a dar formas aos seres e às imagens oníricas. Quanto mais entalhava mais sonhava e quanto mais sonhava mais entalhava.

Foto de divulgação Artesol

Começou fazendo miniaturas, retratando cenas nordestinas, e com o tempo, foi se permitindo desenvolver mais a própria expressividade e sua autenticidade, aprendendo a dar forma ao seu universo tão particular. Em 1990, fez a sua primeira criação, uma cobra em tubo de caneta esferográfica.

Nos anos 2000, começou a participar dos primeiros eventos enquanto artista popular, expondo em feiras de artesanato realizadas pela Prefeitura do Recife. Também ofereceu oficinas no projeto Brinquedos Populares do Recife, do Museu do Homem do Nordeste em parceria com o Programa Artesanato Solidário (Artesol). 

Nessa época conheceu Roberto Ruggiero (1942-2020), importante pesquisador, colecionador e fundador da Galeria Brasiliana, em São Paulo. Ruggiero, que desde a década de 1970, buscava “artistas espontâneos”, como preferia chamar, foi fundamental para que a obra de mestre Cunha ganhasse projeção nacional, sendo hoje considerado um dos artistas mais inventivos e criativos do Brasil. Cunha já realizou diversas exposições individuais e coletivas em todo o país e desde 2011 participa da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte) como mestre. 

Sobre o território

Jaboatão dos Guararapes se localiza na região Metropolitana do Recife, Pernambuco, estando 18 km de distância da capital. É o segundo município mais populoso do estado, sendo que mais de 95% da população vive na área urbana.

A cidade surgiu no final do século XVI, no encontro dos rios Jaboatão e Duas Unas, a partir de doações de terras realizadas pelo terceiro proprietário do Engenho São João Batista, o português Bento Luís de Figueira. 

O local era conhecido pela grande quantidade de engenhos ativos entre os séculos XVII e XIX, além de ter sido palco da Batalha dos Guararapes. O Centro da Cidade de Jaboatão, conhecido como Jaboatão Antigo ou Velho, é uma das áreas mais ricas em monumentos históricos de valor cultural. 

Jaboatão dos Guararapes destaca-se por sua indústria, estando situado numa região estratégica de desenvolvimento econômico de Pernambuco, junto com às cidades de Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, localizando-se no caminho entre Recife e o Porto de Suape, que é o principal polo de investimentos do estado.

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