Mestre Fernandes Rodrigues
Fernandes Rodrigues esculpe no barro, com grande maestria, personagens da cultura nordestina. Alguns são anônimos, como vaqueiros, trabalhadores e músicos. Outros são famosos, como Ariano Suassuna, Paulo Freire e Patativa do Assaré.
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Sobre as criações
Fernandes Rodrigues esculpe no barro, com grande maestria, personagens da cultura nordestina. Alguns são anônimos, como vaqueiros, trabalhadores e músicos. Outros são famosos, como Ariano Suassuna, Paulo Freire e Patativa do Assaré. Cria esculturas de dimensões menores e domina a produção de grandes formatos – até mesmo em tamanho natural – e bustos. Algumas de suas peças podem ser vistas em espaços públicos de Pernambuco, como monumentos.
Tem predileção por modelar figuras masculinas, principalmente sentadas. Algumas parecem apenas pousar, enquanto outras estão concentradas em alguma atividade, como tocar viola, pífano, sanfona e rabeca ou lendo cordéis. Seus personagens trajam roupas simples, mas podem portar chapéu e gibão de vaqueiro. São representados de pés descalços, uma marca do artista, para lembrar a simplicidade do povo nordestino.
“Eu queria falar da minha gente, do meu povo, da minha cultura. Do cotidiano do meu povo. Apesar de tudo que a gente sofre aqui no Nordeste, eu tenho um amor danado por essa terra e por essa gente.” – Fernandes Rodrigues.
As peças não recebem nenhum tipo de pintura, pois Fernandes prefere respeitar a naturalidade e a nobreza do barro. Seu trabalho chama a atenção pelo realismo e expressividade dos personagens, que parecem estar vivos.
Sobre quem cria
Fernandes Rodrigues de Oliveira (1963) nasceu no Engenho Cacimbas, na zona rural de Vitória de Santo Antão – PE. Seu pai tinha um comércio no engenho chamado barracão, onde eram vendidos mantimentos e outros produtos. Quando era criança, gostava de frequentar a casa dos agricultores à noite para ouvi-los ler cordéis. Apesar de frequentar a escola, Fernandes aprendeu a ler assim, com as letras e rimas dos cordelistas. Como outras tantas crianças que crescem no interior, adorava brincar com o barro, modelando figuras para serem seus brinquedos.
Trabalhou por muito tempo como montador em lojas de móveis, mas não via muita perspectiva nessa profissão e sentiu a necessidade de mudar. Em 1989, decidiu trabalhar com o que gostava, fazendo arte. Na época, aceitou o convite de um amigo para trabalhar fazendo alegorias para os tradicionais blocos de carnaval. Para a confecção das alegorias, utilizava a técnica do papel machê, tendo como molde uma escultura de barro, o que acabou reestabelecendo seu contato com essa matéria-prima.
Com o enfraquecimento da cultura dos carros alegóricos em Vitória de Santo Antão, que estavam sendo substituídos por trios elétricos, precisou encontrar uma nova ocupação. Em 1997, descobriu que Mestre Zezinho de Tracunhaém estaria em Vitória de Santo Antão, onde nasceu, para ministrar um curso de cerâmica a convite da prefeitura. Decidido a conhecer mais a ciência do barro, procurou o mestre para ser seu aluno. Por intermédio de Mestre Zezinho, foi professor de aulas de cerâmica para os jovens internos da antiga FUNDAC, atual FUNASE – Fundação de Atendimento Socioeducativo por pouco mais de três anos.
Apresenta suas peças na Fenearte – Feira Nacional de Negócios do Artesanato desde 2004, mas foi em 2016 que participou pela primeira vez em espaço de honra, na Alameda dos Mestres. Dentro da programação da Fenearte, no Salão de Arte Popular Ana Holanda, foi premiado em 2013 por voto popular, foi premiado em 2017, em 2018 ficou em primeiro lugar e em 2019 ganhou Menção Honrosa. Tem obras no museu de Arte Popular Janete Costa em Niterói (RJ), assim como museus em diversas cidades brasileiras e em outros países como Portugal, Dinamarca, França, Estados Unidos da América.
Sobre o território
Vitória de Santo Antão está localizada no Planalto da Borborema e é cortada pela bacia do Rio Tapacurá. Está a 46 quilômetros da capital do estado, Recife. O fundador da cidade, o português Diogo Braga, era natural da ilha de Santo Antão, em Cabo Verde, e batizou o local em homenagem à sua terra natal. Já o nome “Vitória” foi dado posteriormente, apenas quando foi elevada à categoria de vila em 1843, em homenagem à vitória dos portugueses contra os holandeses e a retomada da cidade de Recife.
Conta-se que a cidade teve um papel comercial importante para os viajantes que seguiam ao São Francisco, passando pelo vale do Mocotó. O cenário sertanejo e história da cidade foi cenário dos filmes Cabra Marcado pra Morrer (1984), de Eduardo Coutinho e Lisbela e o Prisioneiro, baseado na obra do escritor Osman Lins, natural de Vitória de Santo Antão, e adaptado aos cinemas em 2003 pelo diretor Guel Arraes.
A cidade, e a festa de Santo Antão, foi eternizada em homenagem do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, na música “Vitória de Santo Antão”:
“Vem gente até do Recife
Pras novena de Vitória
Pra comer rolinha assada
Ribaçã frita na hora
As ruas fica entupida
De gente que vem de fora
São nove noite de festa
Quando acaba, a gente chora
Aqui vou deixar meu coração
Adeus, Vitória de Santo Antão
Aqui vou deixar meu coração
Adeus, Vitória de Santo Antão”.