A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Asarisan – Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém


As artesãs das comunidades ribeirinhas da região de Santarém mantêm viva a arte de produzir cuias ornamentadas tingidas com pigmentos naturais e decoradas com traços incisos. Os traços que ornamentam as cuias são únicos e acabam sendo como uma assinatura de cada artesã.

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Sobre as criações

No risco da pintura deixada na cuia,
nos grafismos que criam uma linguagem tão única,
as histórias saltam em forma de narrativas.
Brincam com a memória e o presente
que compõem a vida das ribeirinhas de Santarém.
Essas mulheres que inspiram e expiram a arte que dá vida ao cotidiano
ritmado pelo sol que em seu ritual sem começo nem fim
beija as águas do Tapajós e mergulha em seu avesso.

Raquel Lara Rezende

As comunidades ribeirinhas da região de Santarém mantêm viva a arte de produzir cuias ornamentadas tingidas com pigmentos naturais e decoradas com traços incisos. Os traços que ornamentam as cuias são únicos e acabam sendo como uma assinatura de cada artesã. Essa atividade, que compõe o cotidiano das mulheres, marca de forma importante essas comunidades reconhecidas pela preservação de suas tradições e saberes. Os Modos de Fazer Cuias do Baixo Amazonas, no Pará, recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, em 2015.

As cuias estão presentes no dia-a-dia de muitas comunidades indígenas. Elas são os pratos e copos dos indígenas que também reservam em suas casas uma cuia destinada a situações especiais, como no caso de uma visita. É provável que a confecção das cuias tingidas seja uma das tradições artesanais mais antigas presentes no baixo curso do rio Amazonas. Tanto as cuias como outros utensílios domésticos são produzidos com os frutos da cuieira, uma árvore muito presente no Baixo Amazonas.

Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém / Crédito das fotos: Divulgação

Sobre quem cria

As mulheres artesãs ribeirinhas pertencem às comunidades de Surubim Açu, Cabeça da Onça, Centro de Aritapera, Enseada e Carapanatuba. Hoje se encontram organizadas como Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém – Asarisan. A Associação foi criada em 2003 e foi um dos resultados do trabalho de aprimoramento de produção e comercialização, realizado pela Artesol em parceria com o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/IPHAN e Sebrae-PA.

O trabalho envolveu o registro e retomada dos padrões estéticos produzidos pelos mais velhos, ação de grande importância para a salvaguarda desse saber fazer. Hoje, cerca de 20 famílias fazem parte do grupo e mantêm viva a tradição das cuias.

Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém / Crédito das fotos: Divulgação

Sobre o território

A cidade de Santarém, fundada em 1661, é uma das cidades mais antigas e mais importantes culturalmente do estado do Pará, além de ser um dos principais centros econômicos do estado. Santarém se encontra na mesorregião do Baixo Amazonas, na margem direita do Rio Tapajós, o rio de águas cristalinas que forma ao longo de suas margens praias que mais se parecem com o mar, como é o caso de Alter do Chão, distrito da cidade. Conhecida como o “caribe brasileiro”, Alter foi escolhida pelo jornal inglês The Guardian como uma das praias mais bonitas do Brasil e a praia de água doce mais bonita do mundo. Em frente à cidade de Santarém, pode-se presenciar o encontro do rio Tapajós com o rio Amazonas que foi reconhecido como património cultural imaterial do Pará, em 1994.

Em Santarém também se encontra um dos principais pontos de acesso à Floresta Nacional do Tapajós, uma unidade de conservação criada nos anos 1970. A criação da Unidade previu no momento da sua criação a expulsão das comunidades tradicionais que viviam nas áreas demarcadas. Após 20 anos de resistência dessas comunidades, de estudos ambientais e discussões entre o Ibama e os ribeirinhos, foi permitida a sua permanência, em 1994. Hoje, a região conta com projetos de ecoturismo e turismo comunitário que envolvem as comunidades.

Um exemplo é o trabalho desenvolvido junto à Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém pela Artesol e o Ministério do Turismo, entre 2010 e 2011, com a comunidade de Aritapera. Com o propósito de pensar a relação potente do turismo com o artesanato de tradição, ao aproximar as pessoas dos saberes e do modo de vida da comunidade, o projeto buscou construir com a comunidade um modelo de turismo de base comunitária, onde os moradores são os protagonistas. As artesãs se abriram para compartilhar com os visitantes o processo de produção das cuias. Esse contato com as artesãs, seu saber-fazer, seu cotidiano e suas narrativas proporcionam uma vivência única de percepção da realidade local.

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